Ir a quem

 

 

Dom Paulo Mendes Peixoto Arcebispo de Uberaba (MG)

Há uma sena bíblica que é muito interessante. Após dizer da importância do seguimento da Palavra, de suas fundamentais exigências, Pedro disse a Jesus: “A quem nós iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6, 68). Por onde e para onde vamos hoje, se as palavras da Sagrada Escritura têm as mesmas exigências?

Ou servimos a Deus de forma livre e coerente, ou as nossas ações não passam de meras práticas hipócritas e isoladas. A opção por Deus ocasiona consequências novas de relacionamento com o outro, fato que começa na convivência do cotidiano da comunidade. A transparência revela atitudes conformes com as exigências da Palavra de Deus.

Não basta ouvir, mas é preciso escutar com prontidão para executar aquilo que se escuta sobre as exigências da vida. Isto faz com que haja rompimento com o passado para recomeças uma vida nova. Não é fácil renunciar aquilo que vem marcando toda uma caminhada, mas que, nos novos tempos, não ajuda mais e até prejudica as pessoas.

Nos trabalhos sociais, sejam eles realizados por entidades religiosas, por clube de serviço ou pelo poder público, ambos devem ter como meta a qualidade de vida das pessoas. É essencial superar a sociedade de castas, de senhores e escravos, para aproximar os extremos, que causam sofrimento e degradação da vida de muita gente.

Sempre fez parte da vida do povo a existência de autoridade e súdito, tendo Deus como estando acima de todos os poderes. Só para Ele o mundo deve ir, ultrapassando todas as dificuldades no relacionamento, nos conflitos e desigualdades. O caminho que define esse itinerário é o amor entre as pessoas, que supera todo tipo de individualismo.

Na sociedade, todos nós somos iguais, mesmo que haja funções diversificadas. A marca principal é o “destino”, a direção para onde todos nós estamos indo, que deve ser bem definido. A vivência cristã é fruto de uma escolha, de uma decisão pessoal, de uma vocação como opção, tendo como meta ir ao encontro de quem chama.