TEMPO DA QUARESMA

Iniciemos com a Igreja o caminho espiritual que nos levará até a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. A quaresma é um tempo que nos mobiliza para a conversão e a reconciliação com Deus e com os irmãos. São quarenta dias de reflexão intensa, sempre com o enfoque da conversão. Tudo isso para nos preparar bem para a maior de todas as celebrações do nosso calendário litúrgico, a Páscoa. O tempo da quaresma vai da quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor. “Tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC, n. 109).

No Evangelho de São Mateus (6,1-6.16-18), Jesus apresenta três práticas muito significativas que nos permitem captar o sentido profundo desse tempo. O JEJUM: ao jejuar, purificamos não somente o nosso corpo, mas também o espírito. E quanto menos apego e coisas houver em nosso coração, mais espaço haverá nele para Deus. A ORAÇÃO: para expressar o nosso amor a Deus e o desejo de realizar a sua vontade, somos convidados a intensificar a oração pessoal e comunitária. A CARIDADE: somos convidados a quebrar o nosso egoísmo e imitar a misericórdia de Deus, repartindo o pão com os necessitados. Para tanto, no Domingo de Ramos, a Igreja propõe a coleta da Campanha da Fraternidade manifestando assim, o nosso espírito de solidariedade para com os aqueles que mais precisam da nossa ajuda. (Cf.: www.buscandonovas aguas.com).

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil promove este ano, durante a quaresma, a CAMPANHA DA FRATERNIDADE, cuja finalidade principal é vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social da quaresma. Neste ano a CF é ecumênica e nos faz um apelo com o tema: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”. E o lema evoca a construção da paz: “Cristo é a nossa paz; do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14).

A escolha da passagem bíblica dos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35) como pano de fundode toda construção e dinâmica do Texto Base da CF é muito significativa! O esplendoroso texto de Lucas está totalmente relacionado com a caminhada de nossa fé. Trata-se de reconhecer a presença do Ressuscitado no meio do mundo e do coração da Igreja. O texto bíblico apresenta o encontro dos discípulos de Emaús com o Ressuscitado, no caminho, na Palavra e no partir do Pão. Depois da experiência, eles ficaram totalmente transformados, voltam correndo para a comunidade, a fim de partilhar o que viveram no caminho. Trata-se de uma experiência que, igualmente, pode transformar o sentido de nossa vida atual, se de fato nos encontrássemos com o Ressuscitado em nossa caminhada. O convite é se deixar interpelar por Ele, dialogando e sendo alimentados com a Palavra de Deus e pela Eucaristia.

Somos desafiados a viver este encontro em uma sociedade que está imersa numa mudança de época, que apresenta novos paradigmas, que implicam uma séria revisão de nossa missão e a coragem de iniciar caminhos inéditos de presença e de testemunhos. Percebemos a necessidade de retornar ao centro de nossa missão e de tomar decisões de profundas mudanças que nos ajudem a abandonar algumas situações sociais e eclesiais para assumir com maior decisão a tarefa evangelizadora.

                                                                            Pe. Frei Leonel Moisés da Silva, OFM

Pároco