Liturgia

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Comunicação e expressão na Liturgia

 

Índice

1. ESPIRITUALIDADE

2. A DISPOSIÇÃO DA IGREJA

2.1. O presbitério

2.2. A nave

2.3. O coro

2.4. O batistério

3. MINISTÉRIOS E FUNÇÕES LITÚRGICAS – bispo, sacerdote, diácono, acólito, ministro, comentarista, leitor, salmista, cantor e instrumentista, coroinha

4. COMUNICAÇÃO NA LITURGIA – linguagem e ações simbólicas - palavra, acolhida, cantos, silêncio, assembléia, símbolos, expressão corporal, ruído

5. ESPAÇO LITÚRGICO – lugares de celebração, cantos, roupas, postura

6. GESTOS E POSIÇÕES DO CORPO NA LITURGIA – sinal da cruz, de pé, assentados, de joelhos, genuflexão, inclinação, procissões, mãos erguidas-dadas-juntas, caminhar, vestes

7. CELEBRAÇÃO DA PALAVRA E DA EUCARISTIA – ambiente, funções, celebração da palavra e eucaristia, alfaias

8. ANEXOS – altar, leitor, comentarista, coroinhas 

 

1. ESPIRITUALIDADE

 

1.1.  1Coríntios 1, 17-25 (ler e refletir)

 

1.2.  Historinha

 

Numa cidade estava sendo construída uma catedral feita de pedras. Os operários iam e vinham no meio da grande construção. Certo dia chegou àquela cidade, uma importante autoridade e foi ver a obra. O ilustre visitante entrevistou três operários que carregavam pedras. Aos três fez a mesma pergunta:

 

- Amigo o que está fazendo?

O primeiro respondeu: - “Estou carregando pedras”.

O segundo disse: - “Estou ganhando o meu pão de cada dia”.

O terceiro falou: - Estou construindo uma catedral, onde muitas pessoas encontrarão a salvação. E, aqui, eu e minha família nos reuniremos para louvar a Deus.

 

Vejam bem! Os três faziam o mesmo trabalho, mas com espírito diferente. A Missa também é assim. A mesma pra todos, mas a maneira de cada um participar pode ser diferente. Depende da fé que as pessoas têm. Existe quem vai a missa apenas para cumprir um preceito, como o operário que simplesmente carregava pedras.

Existe quem vai à missa pra fazer pedido a Deus, como o operário que trabalhava tão somente pra ganhar o salário. E existe a pessoa que participa da Missa com fé e alegria, louvando e bendizendo a Deus, à semelhança do operário que trabalhava contente porque estava construindo a casa do Senhor.

Ninguém ama o que não conhece. Assim pode estar acontecendo na Missa. Alguém entra na igreja, olha, acompanha tudo, faz os mesmos gestos, mas sem saber o que está dizendo e o que está fazendo. Esse não desfruta da celebração.

 

2. A DISPOSIÇÃO DA IGREJA – ESPAÇOS

 

2.1.O presbitério (pessoas: sacerdotes, diáconos e ministros; elementos: altar, sacrário, ambão,    cadeira presidencial, outros assentos, credência)

 

2.2.A nave (assembleia ou fiéis)

 

2.3.O coro (no centro da igreja, em cima)

 

2.4.O batistério (pia batismal, Círio Pascal)

 

3. MINISTÉRIOS E FUNÇÕES LITÚRGICAS

 

3.1.Equipe de acolhimento:

 

Para que haja verdadeiramente um encontro de irmãos e irmãs, é preciso criar um clima fraterno e familiar entre os participantes através de uma acolhida alegre e calorosa por parte de uma equipe que recebe as pessoas na porta da igreja. O que acolhe, faz a vez do dono da casa, recebendo seus hóspedes em nome de Jesus Cristo, o Bom Pastor, que conhece cada ovelha pelo nome.

 

3.2.Presidente:

 

Ele representa, na assembleia reunida, o Cristo, cabeça de sua Igreja. Por isso, ele deve sugerir uma presença viva de Jesus Cristo: pelo seu modo de se comunicar, pelos seus gestos, seu tom de voz, sua atenção às pessoas, pelo anúncio da Palavra, pela denúncia daquilo que atrapalha o crescimento do Reino, pelo seu modo de se dirigir ao Pai em oração... Como “cabeça”, ele não pode estar desligado do “corpo”: ele não celebra sozinho, celebra com o povo, sabendo-se parte dele.

 

3.3.Comentarista:

 

Ele mantém a assembleia atenta e participante. Estabelece a ligação entre o presidente da celebração e a assembléia. Deve ser discreto, porém, animado e convidativo. Deve evitar se fixar, demasiadamente, no papel, mas conversar, dialogar, falar, olhando para a assembléia. Suas intervenções devem ser breves.

 

3.4.Leitor(a):

 

Jesus está presente pela sua Palavra, pois é ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas escrituras na Igreja. Proclamar a Palavra é um gesto sacramental. O leitor deve colocar-se a serviço de Jesus Cristo que, através de sua leitura, de sua voz, de sua comunicação, quer falar pessoalmente com o seu povo reunido. Não só pelo conteúdo da leitura, mas por todo seu modo de ser e de falar, de olhar e de se movimentar, ele deverá ser no meio da comunidade, um sinal vivo de Cristo-Palavra e do seu Espírito. Para isso, o leitor deve ter um mínimo de preparo bíblico e um mínimo de preparo para a leitura em público. O lugar para o leitor proclamar a Palavra de Deus é a mesa da Palavra ou ambão. Deve ser um lugar tão importante quanto o altar, pois, Cristo está tão presente na Palavra quanto na Eucaristia. A Bíblia é o sinal do Cristo-Palavra. Desta forma, a leitura deve ser feita da Bíblia, ou do Lecionário e nunca do folheto.

 

3.5.Equipe de canto:

 

O canto não é um privilégio de algumas pessoas, de um grupo ou de um coral. É povo todo que deve cantar, pois o canto ajuda a comunidade a rezar melhor. Por isso, os cantos escolhidos, além de corresponder ao tempo litúrgico, se adequar ao momento da celebração e estar ligado à vida da comunidade, devem ser alegres, fáceis, populares, bem ensaiados e bem cantados. A equipe de cantos, juntamente com os instrumentistas, deve ensaiar os cantos e os refrões que não são bem conhecidos. Os instrumentos são apoio ao canto, portanto, não devem se sobrepor às vozes.

 

3.6.Outros serviços e ministérios:

 

Acólito: que serve o altar.

Ministro da eucaristia: ajuda na distribuição da Eucaristia e a leva aos doentes.

Equipe de limpeza e ornamentação: tornam o ambiente acolhedor.

Uma equipe é como uma banda: cada instrumento é importante para o conjunto, mas nenhum instrumento deve tocar isolado dos outros ou fora de tonalidade. Uma equipe pode ser comparada a um time de futebol: cada jogador tem sua posição, mas deve jogar junto com todo o time em busca da mesma meta: o gol.

 

4. COMUNICAÇÃO NA LITURGIA

 

A comunicação na liturgia é diálogo amoroso de Deus com seu povo pela mediação de Jesus Cristo. Na liturgia, a comunicação deve criar comunhão, através da participação no Mistério Pascal. A comunicação na liturgia se realiza por códigos diferentes: palavras, silêncio, gestos, símbolos, espaço e tempo, luz, cores, pessoas, atitudes, postura, modo de vestir, objetos, ornamentação, som imagens... Em termos de comunicação, na liturgia, tudo é importante: a postura de quem comenta os gestos, a expressão facial, corporal, a vivência, ou seja, o sentimento de quem está comentando, o olhar... Cristo é a perfeita comunicação de Deus com a humanidade e a humanidade com Deus. É ao mesmo tempo emissor e receptor da comunicação de Deus à humanidade e desta com Deus. É também canal (Eu sou o caminho) e mensagem (a verdade e a vida).

A liturgia em si é comunicação. É a arte do encontro com o Pai, pelo Filho, no Espírito Santo, em comunidade de Igreja. Para isso é preciso vivenciar o que se está fazendo. No caso, celebrando como comentarista, levar em conta profundamente à unidade entre o gesto ritual, o sentido teológico-litúrgico e a atitude espiritual. Os três pontos também são conhecidos na liturgia como o Agir, o Pensar e o Sentir, ou seja, a ação corporal (porque estou fazendo isso, que sentido quero dar ao meu fazer, a esta fala, a este gesto) e ao sentimento que o Espírito suscita através da ação que realizamos (o que isto me faz sentir, como estou sentindo e vivenciando isto?), para se conseguir maior presença, autenticidade, veracidade e transparência comunicativa na Liturgia.

Para que haja uma boa comunicação verbal na liturgia, é preciso que a linguagem seja simples, clara, direta, compreensível e acolhedora; a voz deve ser suficientemente alta, clara, firme, segura, pausada, observando as pontuações e as acentuações. É necessário muito treinamento, espiritualidade e interiorização. As leituras devem proclamadas para a comunidade e não para si mesmo. Deve-se preparar bem a leitura, com antecedência. Antes de proclamá-la é preciso saboreá-la, sentir o seu gosto (cf. Ez 3,1-5). A linguagem da liturgia é muito mais que textos impressos em um papel, lidos em voz alta no momento adequado. A linguagem da liturgia, que é em si um símbolo, também inclui outros símbolos e ações simbólicas. Todos os elementos da liturgia (pão, vinho, cálice, água, fogo, livro, vestimentas, altar, crucifixo); todos os gestos e posturas (processar, inclinar-se, comer, beber, assinar, cantar, aspergir, ficar de pé, ajoelhar-se) e todos os elementos do meio (arte e arquitetura, cor e textura, luz e sombra, som e silêncio) pode-se dizer que conformam a matriz de símbolos que constituem a liturgia.

A liturgia que não comunica não salva, não transforma, não liberta, não celebra nada. O nosso desafio é o de formar uma liturgia menos verbalista, menos cerebral, menos racionalista; uma liturgia mais afetiva, simbólica, inculturada, orante, sem deixar de ser profética, sem deixar de ser expressão de uma fé engajada na libertação dos oprimidos. A formação litúrgica não pode ocorrer somente no plano intelectual, limitando-se à transmissão de conteúdos. Mas, para atingir a pessoa humana como um todo, é preciso operar com a dimensão corporal, relacional, intelectual, afetiva, volitiva, intuitiva, imaginária, simbólica, experiencial.

Na liturgia, é importante a expressão corporal. O corpo todo fala. Nós nos comunicamos com o corpo todo e todo o corpo. Cuidar da postura: olhar para as pessoas e criar uma relação com elas. O olhar deve ser sereno, acolhedor, seguro, alegre, confiante. A postura deve ser ereta, firme sobre os dois pés e manter o equilíbrio. O rosto deve ser expressivo. Deve haver sintonia entre a palavra, o sentimento e a expressão facial. A expressão corporal precede, suporta, supre e prolonga a palavra. Antes das palavras brota o gesto. Quando as palavras cessam, o gesto ainda continua, mesmo que seja uma presença silenciosa.

O silêncio na liturgia. Normalmente, nossas celebrações estão inflacionadas de palavras. Viciamo-nos em preencher todos os espaços da celebração com palavras, cantos ou música. O silêncio litúrgico não é parênteses entre dois “barulhos”, mas é parte integrante da própria celebração. Deve ser chamado, motivado, sinalizado. O silêncio litúrgico é o grande momento da implosão da palavra, momento do Mistério Eucarístico, do mistério do homem, do mistério da comunidade que celebra também o mistério da vida.

O ruído, em comunicação, é tudo aquilo que impede a correta veiculação da mensagem. Os ruídos vão desde chiados e microfonias, postura fria do presidente da celebração, barulho de carros, gente entrando e saindo, crianças correndo, ambiente sujo, conversas colaterais, roupas indecentes e exibicionismos, improvisação, homilia longa e desencarnada da realidade, cantos desconhecidos e desafinados, falta de acolhimento...

Quem atua na celebração deve ter uma postura de fé e dignidade. Evite-se qualquer exibição, autopromoção. Tudo deve ser feito para a Glória de Deus e ajudar os fiéis na oração. Deus merece ser louvado com arte e bom gosto. E o povo tem direito a uma celebração bonita e digna.

Os participantes da equipe de celebração devem ter um especial cuidado com a roupa: vestidos muito curtos ou decotados, bermudas, camisas de clubes de futebol, camisetas com estampas de bandas de rock, chinelos etc... Os jalecos ou túnicas bem limpos.

A equipe de celebração deve informar o padre que presidirá a missa, sobre o que será feito: cantos, procissões, ação de graças... Tudo deve ser feito em sintonia, união e comunhão.

 

5. ESPAÇO LITÚRICO

 

Cuidado com o espaço litúrgico é parte constitutiva da pastoral litúrgica. O próprio espaço litúrgico, quando, pela beleza de sua forma arquitetônica, pela harmonia de sua disposição interna (altar, mesa da Palavra, espaço da assembleia, cadeira da presidência, fonte batismal, etc.) e sua iconografia. Tudo em “nobre simplicidade” quando assim se cria o ambiente próprio para os fiéis se sentirem de fato “Igreja”, assembleia celebrante, pedras vivas do templo (cf. 1Pd 2,5), e poderem participar ativamente da celebração dos mistérios da fé, especialmente a Eucaristia. O espaço goza de significativa força catequética: o espaço educa a uma fé que se traduz em espiritualidade comunitária.

 

1. Em que medida o espaço da nossa igreja é anúncio do Mistério do Cristo?

 

Missa não é show! Não chame a atenção do povo para si ou para seu grupo. Na Missa, Jesus é o centro.

Não use, durante a Santa Missa, roupas com cores fortes ou estampadas, a não ser que você seja convocado de surpresa e não tenha condições de se trocar. Não use, de jeito nenhum, roupas sem mangas, decotadas, transparentes ou bermudas durante a Celebração Eucarística.

Escolha os cânticos de acordo com as leituras e o tempo litúrgico. Não queira ser um ministro de música "garçom", que apenas serve aos outros o banquete. Participe ativamente de cada momento da celebração, sente-se à mesa. Você também é um "feliz convidado para a ceia do Senhor".

A valorização dos lugares da celebração, como:  a pia batismal, o ambão, o altar e a sede do celebrante. Eles exprimem o seio em que o cristão é gerado pelo Espírito Santo, o ambiente em que o cristão vive e se torna humano, o espaço onde o cristão vive em comunhão com Jesus Cristo e com os irmãos. Em síntese, estes lugares constituem a expressão da Igreja.

 

2. Postura:

 

Uma boa postura é fundamental para uma boa produção vocal. O que consiste ter boa postura? Cuidar da postura é fazer com que a sustentação e o equilíbrio do nosso corpo estejam de acordo com as leis da gravidade.

Devemos procurar manter um equilíbrio de forma a sentir o peso do nosso corpo entre os dois pés, observando em seguida um encaixe perfeito da cintura pélvica (quadril), em equilíbrio com a cintura escapular (ombro) e mantendo um ângulo de 90% para o queixo. Podemos aproximar-nos de uma figura em equilíbrio. A atitude normal do rosto deve ser sorridente.

 

2.1. Quando estiver diante do ambão, deve ter em conta a posição do corpo. Não se trata de adotar posturas rígidas, nem demasiado descontraídas. Não debruçado sobre o ambão, nem com os braços cruzados ou as mãos nos bolsos. Os braços poderão manter-se pendentes ao longo do corpo, ou dobrados para permitir um leve e discreto apoio das mãos na orla central do ambão (evitando tocar o Lecionário a fim de não o danificar com a adiposidade corporal).

 

2.2. Pés bem assentados, levemente afastados e firmes. Não balancear-se, nem cruzar os pés, nem estar apoiado apenas num pé, com pés cruzados ou um à frente e outro atrás.

 

2.3. Colocar-se à distância adequada do microfone para que se ouça bem. Por causa da distância, frequentemente, ouve-se mal. Não começar, portanto, enquanto o microfone não estiver ajustado à sua medida (que deverá ser feito antes: a medida adequada costuma ser a um palmo da boca e na direção da mesma). E lembrar-se que os estampidos que acontecem ou os ruídos que se fazem diante do microfone são ampliados.

 

6. GESTOS E POSIÇÕES DO CORPO NA LITURGIA

 

Devemos participar da liturgia com toda a nossa corporeidade, isto é, com todo o nosso ser - corpo, alma e espírito. E o corpo, por sua visibilidade, deve manifestar assim o que é invisível em nós, a nossa interioridade, ou seja, o nosso ser mais profundo. Daí, a importância de gestos e posições corpóreas nas ações litúrgicas com a compreensão de seu simbolismo.

Segundo a Instrução Geral sobre o Missal Romano (n. 42), os gestos e posição do corpo, que todos devem observar (sacerdote, ministros e fiéis), devem contribuir para que toda a celebração resplandeça pelo decoro e pela simplicidade, na compreensão da verdadeira e plena significação de suas diversas partes. Essa postura física, porém, para ser frutuosa requer a uniformidade, pois é sinal de unidade dos membros da comunidade cristã celebrante.

Na prática - é bom observar - nossas assembléias não estão atentas a esse dado litúrgico, ou não são formadas no seu espírito, porque, quase sempre, vemos indiferença quanto ao que acima foi dito. De fato, num mesmo momento da celebração, podemos ver fiéis em diferentes posições: uns de pé, outros assentados e outros ainda ajoelhados, muitos deles por simples devoção, sem perceberem que estão em desarmonia com a Igreja celebrante.  

 

6.1. Posições do corpo na liturgia:

 

Para as posições do corpo na liturgia, a nova Instrução Geral sobre o Missal Romano dá-nos a seguinte orientação:

 

a) De pé:

Nos ritos iniciais, na aclamação e proclamação do Evangelho, na profissão de fé, nas preces comunitárias, desde o “Orai, irmãos” até a primeira epiclese, depois da Consagração até o final da Comunhão, na oração após a comunhão e na bênção final.

 

b) Assentados:

Durante as leituras, no salmo responsorial, na homilia, nos ritos das oferendas, no momento de louvor após a comunhão e nos avisos.

 

c)  De joelhos:

Durante o relato institucional ou Consagração.

 

Embora respeitando a orientação do Missal, somos de opinião que a posição mais correta do corpo, no relato institucional ou Consagração, é “de pé”, dado o sentido de pessoas ressuscitadas, que celebram a Eucaristia. A posição “de joelhos” indica, a nosso ver, um sentido mais latrêutico, de adoração, o que parece não conformar-se com o espírito celebrativo, e que deveria ser deixado para o culto à Eucaristia fora da missa.

Deve-se notar também que, pelo fato de estarem os fiéis ajoelhados durante a Consagração, a aclamação memorial que vem logo em seguida ao “Eis o mistério da fé”, numa de suas três formas, e que são importantíssimas quanto ao valor litúrgico, muitas vezes é recitada ou cantada ainda de joelhos, o que desfigura o sentido aclamativo, pois, na verdade, ninguém aclama ajoelhado. O que aqui se diz, mantendo-se a posição de joelhos na Consagração, só seria possível se, orientada e formada liturgicamente, toda a assembléia se levantasse antes da aclamação, o que, na prática, parece impossível. 

Já com relação às pessoas que não podem ajoelhar-se na Consagração, por motivo de saúde ou por outras causas razoáveis (como falta de espaço, assembléia numerosa, p. ex.), a Instrução orienta que, nos momentos de genuflexão do sacerdote, tais pessoas façam inclinação profunda. Aqui vemos também uma orientação mais no sentido de culto eucarístico do que para a plena celebração. Também a Instrução não explica o sentido da orientação de 179b, quando diz: “A partir da epiclese até a apresentação do cálice, o diácono normalmente permanece de joelhos”. Convictos de que a Eucaristia é, antes de tudo, celebração pascal, achamos estranha tal orientação.     

Observe-se ainda: na nossa compreensão, as pessoas idosas e as doentes, durante a Comunhão,  podem ficar assentadas. Se o rito da comunhão for também longo, por causa de assembléia numerosa, não há inconveniência de que fiquem assentados os que já comungaram. A posição de pé de fato é a posição mais expressiva e simbólica, dado o seu sentido pascal, mas aqui deve estar também presente o bom senso, e não o aspecto simplesmente normativo.

Não tem sentido também - diga-se - a posição de joelhos que muitas pessoas assumem após a comunhão, pois na liturgia o que vale não é o gosto pessoal e devocional de cada um, mas o valor litúrgico de unidade, no sentido comunitário de toda ação litúrgica. Podemos dizer ainda que, ajoelhando-se, tais fiéis desligam-se dos demais, em atitude muitas vezes intimista, e a Eucaristia, em vez de produzir e reforçar neles o espírito de comunhão, acaba neles encontrando uma postura contrária ao espírito comunitário. Felizmente, tais atitudes não são propostas pela Instrução Geral, mas frutos do desconhecimento litúrgico, inconscientes, portanto, dada a falta de formação litúrgica dos que assim procedem.

 

Quanto aos gestos na liturgia, temos os seguintes, que são os mais importantes:

 

a) - Genuflexão:

A genuflexão, que se faz dobrando o joelho direito até o chão, significa adoração; por isso, se reserva ao Santíssimo Sacramento e à santa Cruz, desde a solene adoração na Ação litúrgica da Sexta-feira da Paixão do Senhor até o início da Vigília pascal.

Na missa, a genuflexão é feita pelo sacerdote em três momentos: depois da apresentação da hóstia, após a apresentação do cálice e antes da Comunhão. Também os concelebrantes fazem a genuflexão antes da comunhão. Havendo no presbitério tabernáculo com o Santíssimo Sacramento, todos os ministros, na missa, fazem a genuflexão quando chegam ao altar e quando dele se retiram, mas não durante a celebração. Também os fiéis fazem a genuflexão diante do Santíssimo Sacramento, exceto quando caminham em procissão. O ministro que leva o Evangeliário (diácono ou leitor) está dispensado de fazê-la.

 

b) - Inclinação:

Existem na Liturgia duas espécies de inclinação: a do corpo, ou inclinação profunda, e a da cabeça, como inclinação simples. Inclinação é então o gesto pelo qual se manifesta reverência e honra às três Pessoas Divinas (quando são nomeadas juntas), ao nome de Jesus, da Santíssima Virgem e do Santo em cuja honra se celebra a missa, inclinação esta aqui designada como simples. A reverência se estende também a símbolos sagrados, como o altar, às orações “Ó Deus todo-poderoso, purificai-me” e “De coração contrito”, como também no Creio às palavras “E se encarnou” e, no Cânon Romano, às palavras “Nós vos suplicamos”. A inclinação que aqui se faz é do corpo, ou seja, inclinação profunda.

 

Na celebração da missa fazem-se as seguintes inclinações:

 

1. Inclinação profunda ou do corpo:

a) - Por todos os ministros, diante do altar, no início e no fim, mas não durante a celebração.

 

b) - Pelo diácono, na proclamação do Evangelho, em duas vezes: diante do sacerdote, quando pede a bênção e, diante do altar, quando toma o Evangeliário.

 

2. Inclinação simples, ou da cabeça:

a) Pelos ministros que, na celebração, conduzem a cruz, as velas, o turíbulo, o incenso, etc.

b) Pelos fiéis que levam as oferendas ao altar.

c) Pelo sacerdote quando, no relato, pronuncia as palavras do Senhor. A Instrução diz: “... o sacerdote inclina-se um pouco...” 

 

Também as procissões realizadas na missa (como a de entrada, das oferendas, da comunhão e do Evangeliário) são incluídas e entendidas como gestos litúrgicos, devendo, pois, ser feitas com dignidade. Além disso, há o beijo (ósculo) do altar pelo sacerdote e pelo diácono, no início e no fim da celebração e ainda outros gestos prescritos para o sacerdote durante a celebração, que aqui não são nomeados, por se tratar apenas de rubricas, ligadas à função presidencial. Para todos enfim há o rito da paz previsto, como também o rito de mãos estendidas ou de mãos dadas pelos fiéis, no Pai Nosso, o que deve ser cultivado, dado o seu valor simbólico, e cuidando para que não caia em gesto mecânico. Outros possíveis gestos, mesmo se positivos, não são previstos e recomendados na Liturgia, por isso não podem ser exigidos dos fiéis, em sentido litúrgico.

 

6.2. Os gestos da assembleia litúrgica

 

Na comunicação de nosso dia-a-dia usamos continuamente as palavras e os gestos, e há vezes em que um gesto fala mais que muitas palavras. Exemplo disto são os enamorados, que preferem gestos de carinho e ternura a lindas palavras. Quem nunca se sentiu tocado por um gesto de solidariedade num momento difícil da vida? Sem dúvida, isto valeu muito mais que muitas e longas frases. Vejamos alguns gestos que usamos em nossas celebrações e questionemos se eles realmente têm sentido para nós:

 

Sinal da Cruz: no início e final da cada ato religioso, revela que somos propriedade de Cristo, que com sua morte de cruz nos resgatou do pecado e da morte.

 

Ficar em pé: posição do ressuscitado em Cristo. Revela respeito pelo sagrado, bem como prontidão para agir. Esta é a posição preferida pelo povo judeu em sua oração.

 

Ficar de joelhos: gesto de adoração, quando reconhecemos nossa pequenez diante da grandeza e senhorio de Deus. Na missa, só acontece no momento da consagração ( a aclamação após a consagração é feita em pé).

 

Genuflexão (ajoelhar-se): é um gesto de adoração a Jesus na Eucaristia. Fazemos quando entramos na igreja e dela saímos, se ali existir o Sacrário.

 

Mãos erguidas: antigo gesto dos cristãos. Expressão de louvor, confiança ou súplica.

 

Mãos dadas: sinal de união e fraternidade.

 

Mãos juntas: significam recolhimento interior, busca de Deus, fé, súplica, confiança e entrega da vida.

 

Sentado: é uma posição cômoda, uma atitude de ficar à vontade para ouvir e meditar, sem pressa.

 

Inclinação: inclinar-se diante do Santíssimo Sacramento é sinal de adoração.

 

Silêncio: o silêncio ajuda o aprofundamento nos mistérios da fé. Fazer silêncio também é necessário para interiorizar e meditar, sem ele a Missa seria como chuva forte e rápida que não penetra na terra.

 

Caminhar: lembra nossa caminhada como novo povo de Deus. A procissão leva também a acertar o passo individual com o dos outros caminhantes, lembrando o respeito que se deve ao outro, bem como a busca de uma mesma direção. 

 

6.3.  As vestes litúrgicas

 

Túnica: É um manto geralmente branco, longo, que cobre todo do corpo. Lembra a túnica de Jesus.

 

Estola: É uma faixa vertical, separada da túnica, a qual desce do pescoço, com duas pontas na frente. Sua cor varia de acordo com a Liturgia do dia. Existem quatro cores na Liturgia: verde, branco, roxo e vermelho. Representa o poder sacerdotal.

 

Casula: Vai sobre todas as vestes. É uma veste solene, que deve ser usada nas Missas dominicais e dias festivos. a cor também varia conforme a Liturgia do dia.

 

A mito: É um pano branco que envolve o pescoço do celebrante.

 

Cíngulo: É um cordão que prende a túnica à altura da cintura.

 

6.4.  Glossário geral dos objetos litúrgicos

 

Eis a seguir uma relação de todos os objetos litúrgicos, é bom para que se conheça e entenda sua utilização no culto da missa. Alguns destes objetos talvez você nunca tenha visto e na verdade nem todos são sempre usados. Outros realmente já caíram em desuso. O importante é perceber o zelo litúrgico que está por trás da confecção destes objetos. Hoje estão aparecendo novos objetos litúrgicos: microfone, violão, toca-discos, etc. É importante que estes instrumentos sejam dignos de culto. Para Deus sempre o melhor! Antigamente (e há ainda em alguns lugares) colocava-se um crucifixo pequeno em cima do altar, no meio de duas velas, ou do lado direito ou uma em cada lado. Agora procura-se deixar somente a toalha no altar; há no lado esquerdo do altar um local para se colocar a cruz processional e até os candelabros podem ficar fora do altar no outro lado.

 

Alfaias: Designam todos os objetos utilizados no culto, como por exemplo, os paramentos litúrgicos.

 

Altar: Mesa onde é realizada a Ceia Eucarística. Na liturgia, esta mesa representa o próprio Jesus Cristo.

 

Ambão: Estante na qual é proclamada a Palavra de Deus.

 

Alva: Veste litúrgica comum dos ministros ordenados.

 

Âmbula: Uma espécie de cálice maior, onde são guardadas as hóstias consagradas. Possui tampa.

 

Andor: Suporte de madeira, enfeitado com flores. Utilizado para levar a imagem dos santos nas procissões.

 

Asperges: Utilizado para aspergir o povo com água-benta. Também conhecido pelos nomes de aspergil ou aspersório.

 

Bacia: Usada com o jarro para as purificações litúrgicas.

 

Báculo: Bastão utilizado pelos bispos. Significa que ele está no lugar do Cristo Pastor.

 

Batina: Durante muito tempo foi a roupa, oficial dos sacerdotes.

 

Batistério: O mesmo que pia batismal. E onde acontecem os batizados.

 

Bursa: Bolsa quadrangular para colocar o corporal.

 

Caldeirinha: Vasilha de água-benta.

 

Cálice: Uma espécie de taça, utilizada para depositar o vinho que será consagrado.

 

Campainha: Sininhos tocados pelo acólito no momento da Consagração.

 

Capa: Usada pelo sacerdote sobre os ombros durante as procissões, no casamento, no batismo e bênção do Santíssimo. Também conhecida como capa pluvial ou capa de asperges, ou ainda capa magna.

 

Capinha: Utilizada pelas senhoras que exercem o ministério extraordinário da comunhão.

 

Castiçais: Suportes para as velas.

 

Casula: E a veste própria do sacerdote durante as ações sagradas. E usada sobre a alva e a estola. No Brasil, a CNBB aprovou em 1971 o uso de uma túnica ampla no lugar da casula.

 

Cadeira do celebrante: Cadeira no centro do presbitério que manifesta a função de presidir o culto.

 

Cibório: O mesmo que âmbula, conhecido por píxide.

 

Cíngulo: Cordão utilizado na cintura.

 

Círio Pascal: Uma vela grande onde se pode ler ALFA e ÔMEGA (Cristo: começo e fim) e o ano em curso. Tem grãos de incenso que representam as cinco chagas de Crista. Usado na Vigília Pascal, durante o Tempo Pascal, e durante o ano nos batizados. Simboliza o Cristo, luz do mundo.

 

Colherinha: Usada para colocar gota de água no vinho e para colocar incenso no turíbulo.

 

Conopeu: Cortina colocada na frente do sacrário.

 

Corporal: Pano quadrangular de linho com uma cruz no centro. Sobre ele é consagrado o pão e o vinho.

 

Credência: Mesinha ao lado do altar, utilizada para colocar objetos do culto.

Cruz processional: Cruz com um cabo maior utilizada nas procissões. Cruz peitoral: Crucifixo dos bispos.

 

Custódia: O mesmo que ostensório.

 

Estola: É uma tira de pano colocada no ombro esquerdo, como faixa transversal, pelo diácono, e pendente sobre os ombros pelo presbítero e bispo. E distintivo dos ministros ordenados. As Estolas são de quatro cores: branca, verde, vermelha, e roxa, de acordo com a liturgia.

 

Galhetas: Recipientes onde ficam a água e o vinho durante a Celebração Eucarística. Podem ser levadas ao altar durante a procissão das ofertas.

 

Genuflexório: Faz parte dos bancos da Igreja. Sua única finalidade é ajudar o povo na hora de ajoelhar-se.

 

Hóstia: Pão Eucarístico. A palavra significa “vítima que será sacrificada”.

 

Hóstia grande: E utilizada pelo celebrante. É maior apenas por uma questão de prática. Para que todos possam vê-la na hora da elevação, após a consagração.

 

Incenso: Resina de aroma suave, O incenso produz uma fumaça que sobe aos céus, simbolizando nossa oração.

 

Jarro: Usado, durante a purificação.

 

Lamparina: E a lâmpada do Santíssimo.

 

Lecionários: Livros que contêm as leituras da missa.

 

Livros litúrgicos: Todos os livros que auxiliam na liturgia: lecionários, missal, rituais, pontifical, gradual, antifonal.

 

Luneta: Objeto em forma de meia-lua utilizado para fixar a hóstia grande dentro do ostensório.

 

Manustérgio: Toalhinha utilizada para purificar as mãos antes, durante e depois da ação litúrgica.

 

Matraca: Instrumento de madeira que produz um barulho surdo. Substitui os sinos durante a semana santa.

 

Mitra: Uma espécie de chapéu alto e pontudo usado pelos bispos. É símbolo do poder espiritual.

 

Naveta: Recipiente onde é depositado o incenso a ser usado na liturgia. Tem a forma de um pequeno navio.

 

Opa: Roupa que distingue os ministros extraordinários da Comunhão.

 

Ostensório: Utilizado para expor o Santíssimo, ou para levá-lo em procissão. Também conhecido como custódia.

 

Pala: Cobertura quadrangular do cálice.

 

Patena: Um tipo de pratinho sobre o qual são colocadas as hóstias para a celebração.

 

Píxide: O mesmo que âmbula.

 

Planeta: O mesmo que casula.

 

Pratinho: Recipiente que sustenta as galhetas.

 

Relicário: Onde são guardadas as relíquias dos santos.

 

Sacrário: Caixa onde é guardada a Eucaristia após a celebração. Também é conhecida como tabernáculo.

 

Sanguinho: Pequeno pano utilizado para o celebrante enxugar a boca, os dedos e o interior do cálice, após a consagração.

 

Solidéu: Um pequeno barrete em forma de calota, usada pelos bispos sobre a cabeça.

 

Teca: Pequeno recipiente onde se leva a comunhão para os doentes.

 

Túnica ampla: Veste aprovada pela CNBB para o Brasil. Substitui o conjunto da alva e casula. Deve ser realmente ampla.

 

Turíbulo: Vaso de metal utilizado para queimar incenso.

 

Véu do cálice: Pano utilizado para cobrir o cálice.

 

Véu dos ombros: Usado pelo sacerdote ou diácono na bênção do Santíssimo e nas procissões para levar o ostensório. Também é conhecido como véu umeral.

 

Véu: E aquele paninho usado para cobrir as âmbulas com as hóstias consagradas.

 

7. CELEBRAÇÃO DA PALAVRA E DA EUCARISTIA

 

A celebração eucarística segue um roteiro que, em liturgia, chama-se ritual. O ritual litúrgico obedece as leis da comunicação humana, e instaura uma comunicação de fé entre Deus e seu povo, para atualizar a Aliança. O ritual se desenvolve dentro de um ritmo que se expressa pela ordenação e a conjugação de todos os elementos que integram a ação celebrativa, tornando-a dinâmica, alegre e atraente. A celebração eucarística compõe-se das seguintes partes: Ritos iniciais, Liturgia da Palavra, Liturgia eucarística e Ritos finais.

 

Silêncio na liturgia:

 Diz a Sagrada Escritura: “Há tempo de calar e tempo de falar” (Eclesiastes 3,5). A muitos cristãos se aplica essa advertência bíblica. Ao entrar em certos templos, o modo como alguns procedem revela falta de Fé na presença eucarística e desconhecimento das exigências de um lugar sagrado. Dentro, continuam o entretenimento iniciado fora, na rua, como se tudo fosse banal. Outras vezes, a palestra, mesmo a meia voz, serve de passatempo, enquanto aguardam o ato litúrgico. A casa de oração é transformada em lugar de conversação.

 O Senhor, no sacrário das igrejas, pede o recolhimento pessoal e da comunidade. Há muitas outras oportunidades de os homens se encontrarem. No templo o relacionamento é com Deus. Manifesta-se de vários modos, pela genuflexão bem feita diante do Santíssimo, pela postura corporal, aproveitamento do tempo pela oração e, em particular, com a homenagem que a criatura presta ao Criador, guardando o silêncio respeitoso nos atos religiosos ou fora deles. Lemos no Evangelho de São Lucas (9,36) que, ao ser revelada a divindade de Cristo na transfiguração do Tabor, “os discípulos mantiveram silêncio”.

 Qual a metodologia a ser utilizada na preservação de um ambiente verdadeiramente adequado à santidade de nossos templos? A primeira medida será fortalecer o espírito de Fé. A crença bem viva na infinita grandeza de Deus é que nos leva a respeitá-Lo. E o silêncio é uma manifestação desses nossos sentimentos. Ao penetrar nos umbrais da casa do Senhor, por mais humilde e pobre que seja, tenhamos presente a dignidade espiritual do lugar.

 Um outro recurso é ter bem viva a responsabilidade de dar um exemplo cristão ao próximo, principalmente às crianças e pessoas afastadas da Fé ou alheias a ela. Esse trabalho educativo cabe, de modo especial, aos que se acham naturalmente vinculados à Igreja. Esse comportamento é mais eloqüente que uma exortação ou apelo.

 

1. O ambiente

 

1.1. A sacristia:

A palavra "sacristia" quer dizer "lugar sagrado". Assim, não deve ser um depósito de papéis, vasos, objetos, material de limpeza. Deve ter uma mesa onde o celebrante possa colocar seus pertences e preparar-se para celebrar dignamente. Na sacristia cria-se o clima de concentração para a celebração. Não deve ser lugar de "corre-corre", barulho, falatório, risadas... Durante a celebração litúrgica (da missa ou do culto), as pessoas não devem ficar na sacristia, conversando, rindo... O sacristão/ã ou pessoa responsável pela igreja/capela deve ser informado sobre o que vai acontecer na celebração para preparar com antecedência o que for necessário: flores, velas, vestes, imagens, sobretudo o material para o batismo, quando houver. Os coroinhas devem se vestir com antecedência e se postar na Procissão de Entrada.

 

1.2. A igreja (igreja paroquial/capela):

A igreja, (templo), é um lugar sagrado, onde se reúne a verdadeira Igreja, Corpo Místico de Cristo. Deve estar sempre bem limpa e preparada para a celebração. Os responsáveis pela celebração devem evitar conversar em voz alta ou ficar andando de um lado para o outro, antes e depois da celebração litúrgica. Tudo deve ser preparado com antecedência.

 

1.3. O presbitério:

O presbitério é o lugar onde está o altar da celebração. Durante a celebração, apenas o celebrante, os coroinhas e os ministros devem ocupar o presbitério. É importante que cada um ocupe seu lugar, que haja cadeiras suficientes para todos. Ninguém deve ficar de costas para o altar. Quando houver batismo, pais e padrinhos podem ocupar os primeiros bancos para acompanhar a celebração.

 

a) O altar:

É o centro de toda celebração. É a Mesa da Eucaristia. Deve ficar vários degraus acima do povo, de acordo com o tamanho do ambiente, para que todos os fiéis possam enxergar o celebrante.

Velas e flores devem ficar fora do altar; no altar, unicamente, Missal Romano (no início), e depois, corporal-cálice-patena-cibório-sanguínio. O altar representa Jesus Cristo. Por isso, é importante que esteja sempre bem arrumado, com toalhas limpas e bem passadas. As toalhas podem ser da cor litúrgica ou branca. Também não devemos guardas coisas debaixo do altar. O altar não é prateleira de flores e outros objetos, nem estante para se fixar cartazes. As flores e enfeites devem ser colocados de modo que não escondam o altar. Nunca sobre ele. É preferível não usar flores do que usar flores artificiais ou flores murchas.

No Advento e na Quaresma convém evitar o uso de flores. Nem mesmo as imagens devem ser colocadas sobre o altar. Para isso, se prepara uma mesa ou estante no lugar mais apropriado.

 

b) A cruz:

Que seja de preferência uma cruz grande, usada na procissão de entrada. Será colocada à esquerda do altar. A Cruz Procissional deve ter uma haste bem grande.

 

c) O Círio Pascal:

É o sinal do Cristo Ressuscitado. Lembra aos cristãos que cada domingo é a celebração da páscoa. O Círio deve ser novo a cada ano e abençoado pelo ministro competente por ocasião da Festa da Páscoa; portanto, não deve ser reutilizado nos anos seguintes. Providenciar os algarismos do ano em curso. O Círio Pascal deve ser colocado à direita do altar. É acesso em todas as celebrações (missas, cultos e batizados). Pode e deve ser enfeitado, sobretudo no tempo pascal. No Tempo Pascal, obrigatoriamente, deve ficar ao lado do altar; no Tempo Comum, pode ficar ao lado da Pia Batismal.

 

d) O ambão:

O ambão ou Mesa da Palavra é colocado à direita do altar e separado dele. Deve ser do mesmo material e da cor do altar. Ali devem ser proclamados as leituras e o evangelho. A Mesa da Palavra não deve ser usada pelos comentaristas, cantores ou para dar os avisos. Pode ser coberta por uma toalha ou faixa de tecido, desde que da mesma cor da toalha do altar. O ambão pode ter a Bíblia Sagrada, aberta e voltada para o povo; e, obrigatoriamente, o Lecionário Dominical (ou Semanal), voltado para quem proclama a Liturgia da Palavra. No ambão, não se use o folheto litúrgico. A homilia e as Preces da Comunidade podem ser feitas da Mesa da Palavra. Em todas as comunidades, é necessário possuir o Missal Romano e o Lecionário (Dominical, Semanal e Santoral).

 

e) A sede:

A Sede, também chamada de "cadeira do celebrante" deve ser colocada num lugar onde o celebrante possa ver a Mesa da Palavra e a Mesa da Eucaristia (altar). O celebrante preside a celebração, tanto a Liturgia da Palavra como a Liturgia Eucarística. A sede não deve ser ocupada pelos ministros.

 

2. As funções

 

2.1. A equipe de acolhida:

A equipe de acolhida, onde houver, deve chegar antes ao local da celebração para acolher as pessoas que chegam. A acolhida deve ser feita com alegria, simpatia e simplicidade. Tudo com muita naturalidade. As desavenças pessoais não devem dificultar um sorriso e um aperto de mão à porta da igreja. Os membros da equipe de acolhida podem entregar os folhetos para a celebração ou deixar essa função com as crianças ou para os coroinhas. Cabe à equipe de celebração acompanhar os idosos até o banco; providenciar um lugar para as mães com crianças de colo ou para as grávidas. É também dever da equipe de acolhida fazer com que as pessoas entrem na igreja e não fiquem paradas na porta. Sempre que necessário, a equipe de celebração poderá organizar as procissões, principalmente a das ofertas. No final da celebração a equipe estará na porta da igreja agradecendo a presença das pessoas e convidando para a próxima celebração.

 

2.2. Os coroinhas:

É muito louvável que haja coroinhas. Mas eles devem ser instruídos. Por exemplo, explicar-lhes que devem levar ao altar primeiramente o cálice, os cibórios com hóstias a serem consagradas e depois o vinho e a água. O trabalho principal deles é servir o altar. Cabe a eles trazer ao altar as ofertas do pão e do vinho, quando não houver procissão das ofertas. Também cabe a eles segurar as velas ao lado do padre na hora da leitura do Evangelho. E também trazer ao altar as ofertas dos fiéis.

 

2.3. O comentarista:

O comentarista deve ser o animador da celebração. Não é um pregador, nem um professor, muito menos locutor de rádio. Não é papel dele fazer sermões, dar "broncas", chamar atenção das pessoas. Muito menos, é um militar que dá ordens. Portanto nunca deve dizer: "de pé", "sentados"... como dando ordens. Mas faça um convite educado: "podemos ficar sentados", "fiquemos em pé". Não é tarefa do comentarista ler as intenções de missas, anunciar cantos ou rezar o Salmo Responsorial. A tarefa principal dele é ajudar a comunidade a celebrar dignamente. Por isso, deve estar bem preparado, e não ser um simples leitor do folheto. Deve estar vestido com sobriedade. Cabe ao comentarista dar as boas-vindas aos presentes, mas com naturalidade e não insistindo para que o povo responda, assim: "Não ouvi! Bom Dia a todos!" Fazer o comentário inicial e convidar o povo para o inicio da celebração; fazer o comentário antes das leituras e no ofertório se houver a procissão das ofertas. Os avisos podem ser feitos pelo comentarista, mas, preferencialmente, é uma atribuição do coordenador da comunidade.

 

2.4. Os MECEs:

Os Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística (MECEs), como o nome diz, devem auxiliar o celebrante na distribuição da comunhão aos fiéis durante a celebração. Não devem ocupar o lugar dos coroinhas. Depois do Pai Nosso, já devem buscar os cibórios do sacrário e deixá-los no altar.

 

2.5. Os cantores:

O canto na liturgia é sempre uma oração. É preciso cantar com o coração e não dar um show ou fazer espetáculo. Deve-se cantar o canto certo na hora certa. O canto acompanha a ação litúrgica. Por isso deve estar integrado ao momento da celebração. Assim: o canto de entrada termina quando o presidente chega no altar; o canto de ofertório só tem sentido enquanto o padre apresenta as ofertas e o canto de comunhão durante a comunhão dos fiéis. Não se deve cantar todas as estrofes dos cantos, mas apenas as necessárias para acompanhar os ritos. Os cantos devem ser escolhidos com critérios, apropriados para cada momento da celebração. Sobretudo nas partes fixas da missa: Ato Penitencial, Glória, Santo, Cordeiro de Deus. Esses cantos devem ser cantados inteiros.  Não é porque na letra do canto tem a palavra Santo ou Glória que seja adequado para aquele momento. Por exemplo: na hora do Santo, cantar o canto "O Senhor é Santo, Ele esta aqui..."; ou na hora do Glória, o canto "Na beleza do que vemos Deus nos fala ao coração..."; ou "João viu o número dos redimidos...". Há muitos cânticos, que, embora contendo uma mensagem linda, não são litúrgicos. É louvável cantar os refrões da Oração Eucarística e, sobretudo, o Amém da doxologia final. Mas, é preciso que os cantores estejam atentos para não deixar silêncios na oração. O presidente da celebração deve ser avisado antes da missa sobre as partes fixas que serão cantadas: Ato Penitencial, Glória, Santo, Refrões da Oração Eucarística, Amém da doxologia, Cordeiro. Quanto ao "Cordeiro de Deus...", quando não for cantado, deve ser iniciado por um cantor; ou, o comentarista, ou um ministro... Não cabe ao padre iniciá-lo.

 

2.6. Os leitores:

Quando na Igreja se lêem as Escrituras, é Deus que fala. O leitor empresta a sua voz a Deus. Conclui-se daí que os leitores devem preparar bem a leitura, isto é, a Proclamação. O leitor deve proclamar a Palavra de Deus e não apenas ler. As palavras devem nascer do coração e não apenas dos lábios. Por isso, é preciso escolher pessoas que lêem bem. Os leitores usem trajes adequados para a celebração. As leituras sejam feitas do Lecionário ou da Bíblia e não do folheto. O lugar adequado para as leituras é a Mesa da Palavra ou ambão. O leitor não se faça esperar. Coloque-se à Mesa da Palavra para iniciar a leitura sem demora, não deixando um 'vazio' na celebração. Não deve dizer: Primeira Leitura; Segunda Leitura; muito menos ler a citação bíblica. Mas iniciar diretamente a Leitura citando o Livro bíblico de onde foi tirado o texto: Leitura da Profecia de...; Leitura da Carta de São Paulo aos...

A procissão solene da Palavra não precisa ser feita em todas as celebração litúrgica. O Lecionário deve ser levado na procissão de entrada por um dos leitores. Quando houver uma entrada solene da Palavra, que seja bonita e não demorada; as pessoas devem caminhar com naturalidade e não com passos de câmara-lenta. A Bíblia ou Lecionário usado na procissão deve ser usado para as leituras. Não tem sentido trazer um livro e ler a Palavra de Deus de outro. Não se leva a Bíblia no ofertório, porque a liturgia da Palavra termina com a Oração dos fiéis.

 

2.7. O salmista:

O Salmo responsorial faz parte da Liturgia da Palavra e não pode ser substituído por outro canto. Cantado ou rezado, o Salmo responsorial é a resposta à Leitura proclamada. De preferência deve ser cantado ou rezado na Mesa da Palavra. O salmista canta ou lê o refrão e a assembléia repete. Depois de cada estrofe se repete o refrão apenas uma vez. O mesmo vale para o final do salmo. Onde não há folheto litúrgico, o refrão pode ser projetado com data show, ou, simplesmente, escrito num cartaz. No final de cada estrofe, o salmista pode levantar a cabeça para que a assembléia saiba que é sua vez de repetir o refrão. Evite-se repetir após as estrofes a ordem: "todos". O salmista não se faça esperar, criando um 'vazio na celebração'. Esteja posicionado perto da Mesa da Palavra para iniciar o Salmo logo após a primeira leitura.

 

3. A Celebração

 

3.1. As intenções da celebração litúrgica:

Devem ser lidas antes do início da celebração e não durante. Se forem muitas as intenções, que sejam lidas alguns minutos antes do início da celebração. Não se deve retardar o inicio da celebração litúrgica porque alguém que chegou em cima da hora quer fazer sua intenção. É aconselhável orientar que os que desejarem fazer suas intenções cheguem antes, pois, normalmente, são sempre as mesmas pessoas. É bom separar as intenções: pelos falecidos, pedidos, agradecimentos... Evitem-se as repetições dos sobrenomes e, sobretudo, a fórmula: "pela alma de...". É mais bonito dizer: "Nesta celebração rezaremos pelo descanso eterno de nossos irmãos..."; ou, "Hoje rezamos por nossos irmãos/as falecidos..." "Pedimos ao Senhor por..."; "Agradecemos as graças recebidas..."

 

3.2. Comentário inicial:

O comentarista, antes de tudo, saúda as pessoas com naturalidade e simpatia. O comentário não deve ser uma simples leitura do folheto. Alguns lêem tudo: "Deus Conosco". "Vigésimo Domingo do Tempo Comum"... "Deus Conosco" é o nome do folheto e não faz parte do comentário inicial. É mais bonito dizer: "Hoje celebramos o Vigésimo Domingo do Tempo Comum".  Quando é o folheto litúrgico é distribuído para a comunidade, a equipe de celebração deve ler os comentários e preces constantes no folheto; não adianta criar outros comentários e preces porque aí o povo não acompanha nem o folheto e nem a redação inovadora.

 

3.3. Procissão de entrada:

A ordem da procissão de entrada é a seguinte: A Cruz Procissional, o Círio Pascal (sobretudo no tempo pascal), os leitores, MECEs, coroinhas e o celebrante. Na celebração litúrgica com batizados, os pais podem entrar com as crianças logo depois da cruz. O sentido da procissão de entrada é lembrar que somos um povo peregrino em direção da casa do Pai. Significa também o desejo sincero de buscar e encontrar Deus. É importante avisar o presidente se haverá ou não a Procissão de Entrada. Não tem sentido o celebrante se paramentar na sacristia e depois atravessar toda a igreja para iniciar a procissão de entrada. Isso tira o sentido da ação litúrgica.

Na Procissão de Entrada, devemos andar com passos normais e com boa postura. Não se deve correr nem caminhar devagar demais. A equipe de celebração deve entrar duas a duas e não uma na frente da outra. Durante a procissão de entrada, a Cruz ou o Lecionário/Bíblia deve ser levantado acima da cabeça, e não estar à altura do umbigo.

A entrada da imagem de Nossa Senhora ou do Santo Padroeiro pode ser feita antes da procissão de entrada ou na mesma. Nesse caso, a imagem vai depois da cruz.

Chegando ao altar, não é preciso virar-se para o povo com a cruz, Bíblia e velas e esperar terminar o canto de entrada. Isso acontece, sobretudo com os coroinhas. Ao chegar ao altar cada objeto deve ser colocado imediatamente no seu lugar.

É importante que cada um saiba o lugar a ocupar no presbitério. Ao chegar em frente o altar, fazer genuflexão onde houver o Santíssimo e uma inclinação onde não houver. A procissão começa com o canto de entrada.

 

3.4. Saudação:

O padre dirige-se aos fiéis fazendo o sinal da cruz. Essa expressão "em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" tem um sentido bíblico. Nome em sentido bíblico quer dizer a própria pessoa. Isto é iniciamos a Missa colocando a nossa vida e toda a nossa ação nas mãos da Santíssima Trindade. O sinal da cruz significa que estamos na presença do Senhor e que compartilhamos de Sua autoridade e de Seu poder.

 

3.5. Ato penitencial:

O Ato Penitencial é um convite para cada um olhar dentro de si mesmo diante do olhar de Deus, reconhecer e confessar os seus pecados, o arrependimento deve ser sincero. É um pedido de perdão que parte do coração com um sentido de mudança de vida e reconciliação com Deus e os irmãos. E quando recitamos o Rito Penitencial, ficamos inteiramente receptivos à sua graça curativa: o Senhor nos perdoa, nos abrimos em perdão e estendemos a mão para perdoar a nós mesmos e aos outros.  Ao perdoar e receber o perdão divino, ficamos impregnados de misericórdia: somos como uma esponja seca que no mar da misericórdia começa a se embeber da graça e do amor que estão à nossa espera. É quando os fiéis em uníssono dizem: “Senhor, tende piedade de nós!”

 

3.5. Hino de louvor:

O Glória é um hino de louvor à Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. No Glória (um dos primeiros cânticos de louvor da Igreja), entramos no louvor de Jesus diante do Pai, e a oração dEle torna-se nossa. Quando louvamos, reconhecemos o Senhor como criador e Seu contínuo envolvimento ativo em nossas vidas. Ele é o oleiro, nós somos a argila (Jer 18-6). Louvemos!  Nós temos a tendência a nos voltar para a súplica, ou seja, permanecemos no centro da oração. No louvor, ao contrário, Jesus é o centro de nossa oração. Louvemos o Senhor com todo o nosso ser, pois alguma coisa acontece quando nos esquecemos de nós mesmos. No louvor, servimos e adoramos o Senhor.

 

3.6. Oremos:

A oração é seguida de uma pausa este é o momento que o celebrante nos convida a nos colocarmos em oração. Durante esse tempo de silêncio cada um faça mentalmente o seu pedido a Deus. Em seguida o padre eleva as mãos e profere a oração, oficialmente, em nome de toda a Igreja. Nesse ato de levantar as mãos o celebrante está assumindo e elevando a Deus todas as intenções dos fiéis. Após a oração todos respondem AMÉM, para dizer que aquela oração também é sua.

 

Liturgia da Palavra:

Após o Amém da Oração, a comunidade senta-se, mas deve esperar o celebrante dirigir-se à cadeira. A Liturgia da Palavra tem um conteúdo de maior importância, pois é nesta hora que Deus nos fala solenemente. Fala a uma comunidade reunida como "Povo de Deus". A Palavra explicada, nosso compromisso com Deus, nossas súplicas e ofertas.

 

a) Primeira leitura:

E quando se inicia a Liturgia da Palavra, peçamos ao Espírito Santo que nos fale por intermédio dos versículos bíblicos: que as leituras sejam para nós palavras de sabedoria, discernimento, compreensão e cura. A primeira leitura geralmente é tirada do Antigo Testamento, onde se encontra o passado da História da Salvação. O próprio Jesus nos fala que nele se cumpriu o que foi predito pelos Profetas a respeito do Messias.

 

b) Salmo responsorial:

Salmo responsorial antecede a segunda leitura, é a nossa resposta a Deus pelo que foi dito na primeira leitura. Ajuda-nos a rezar e a meditar na Palavra acabada de proclamar. Pode ser cantado ou recitado.

 

c) Segunda leitura:

A segunda leitura é tirada das Cartas, Atos ou Apocalipse. As cartas são dirigidas a uma comunidade a todos nós.

 

d) Canto de aclamação ao Evangelho:

Terminada a segunda leitura, vem a Monição ao Evangelho, que é um breve comentário convidando e motivando a Assembleia a ouvir o Evangelho. O canto de Aclamação é uma espécie de aplauso para o Senhor que via nos falar.

 

e) Evangelho:

Toda a assembleia está de pé, numa atitude de expectativa para ouvir a mensagem. A Palavra de Deus solenemente anunciada, não pode estar "dividida" com nada: com nenhum barulho, com nenhuma distração, com nenhuma preocupação. É como se Jesus, em Pessoa, se colocasse diante de nós para nos falar. A Palavra do Senhor é luz para nossa inteligência, paz para nosso Espírito e alegria para nosso coração.

 

f) Homilia:

É a interpretação de uma profecia ou a explicação de um texto bíblico. A Bíblia não é um livro de sabedoria humana, mas de inspiração divina. Jesus tinha encerrado sua missão na terra. Havia ensinado o povo e particularmente os discípulos.

Tinha morrido e ressuscitado dos mortos. Missão cumprida! Mas sua obra da Salvação não podia parar, devia continuar até o fim do mundo. Por isso Jesus passou aos Apóstolos o seu poder recebido do pai e lhes deu ordem para que pregassem o Evangelho a todos os povos. O sacerdote é esse "homem de Deus". Na homilia ele "atualiza o que foi dito há dois mil anos e nos diz o que Deus está querendo nos dizer hoje".

Então o sacerdote explica as leituras. É o próprio Jesus quem nos fala e nos convida a abrir nossos corações ao seu amor. Reflitamos sobre Suas palavras e respondamos colocando-as em prática em nossa vida.

 

g) Profissão de fé:

Em seguida, os fiéis se levantam e recitam o Credo. Nessa oração professamos a fé do nosso Batismo. A fé é à base da religião, o fundamento do amor e da esperança cristã. Crer em Deus é também confiar Nele. Creio em Deus Pai, com essa atitude queremos dizer que cremos na Palavra de Deus que foi proclamada e estamos prontos para pô-la em prática.

 

h) Oração da comunidade (oração dos fiéis):

Depois de ouvirmos a Palavra de Deus e de professarmos nossa fé e confiança em Deus que nos falou, nós colocamos em Suas mãos as nossas preces de maneira oficial e coletiva. Mesmo que o meu pedido não seja pronunciado em voz alta, eu posso colocá-lo na grande oração da comunidade. Assim se torna oração de toda a Igreja. E ainda de pé rogamos a Deus pelas necessidades da Igreja, da comunidade e de cada fiel em particular. Nesse momento fazemos também nossas ofertas a Deus.

 

Liturgia Eucarística:

Na Missa ou Ceia do Senhor, o Povo de Deus é convidado e reunido, sob a presidência do sacerdote, que representa a pessoa de Cristo para celebrar a memória do Senhor. Vem a seguir o momento mais sublime da missa: é a renovação do Sacrifício da Cruz, agora de maneira incruenta, isto é, sem dor e sem violência. Pela ação do Espírito Santo, realiza-se um milagre contínuo: a transformação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo. É o milagre da Transubstanciação, pelo qual Deus mantém as aparências do pão e do vinho (matéria) mesmo que tenha desaparecido a substância subjacente (do pão e do vinho). Ou seja, a substância agora é inteiramente a do Corpo, Sangue, a Alma e a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, embora as aparências sejam a do pão e do vinho.

 

a) Procissão das oferendas:

As principais ofertas são o pão e vinho. Essa caminhada, levando para o altar as ofertas, significa que o pão e o vinho estão saindo das mãos do homem que trabalha. As demais ofertas representam igualmente a vida do povo, a coleta do dinheiro é o fruto da generosidade e do trabalho dos fiéis. Deus não precisa de esmola porque Ele não é mendigo e sim o Senhor da vida. A nossa oferta é um sinal de gratidão e contribui na conservação e manutenção da casa de Deus. Na Missa nós oferecemos a Deus o pão e o vinho que, pelo poder do mesmo Deus, mudam-se no Corpo e Sangue do Senhor. Um povo de fé traz apenas pão e vinho, mas no pão e no vinho, oferece a sua vida. O sacerdote oferece o pão a Deus, depois coloca a hóstia sobre o corporal e prepara o vinho para oferecê-lo do mesmo modo. Ele põe algumas gotas de água no vinho simboliza a união da natureza humana com a natureza divina. Na sua encarnação, Jesus assumiu a nossa humanidade e reuniu, em si, Deus e o Homem. E assim como a água colocada no cálice torna-se uma só coisa com o vinho, também nós, na Missa, nos unimos a Cristo para formar um só corpo com Ele. O celebrante lava as mãos, essa purificação das mãos significa uma purificação espiritual do ministro de Deus.

 

b) Santo:

Prefácio é um hino "abertura" que nos introduz no Mistério Eucarístico. Por isso o celebrante convida a Assembleia para elevar os corações a Deus, dizendo Corações ao alto"! É um hino que proclama a Santidade de Deus e dá graças ao Senhor. O final do Prefácio termina com a aclamação Santo, Santo, Santo... é tirado do livro do profeta Isaías (6,3) e a repetição é um reforço de expressão para significar o máximo de santidade, embora sendo pecadores, de lábios impuros, estamos nos preparando para receber o Corpo do Senhor.

 

c) Consagração do pão e vinho:

O celebrante estende as mãos sobre o pão e vinho e pede ao Pai que os santifique enviando sobre eles o Espírito Santo. Por ordem de Cristo e recordando o que o próprio Jesus fez na Ceia e pronuncia estas palavras "TOMAI...  O celebrante faz uma genuflexão para adorar Jesus presente sobre o altar. Em seguida recorda que Jesus tomou o cálice em suas mãos, deu graças novamente, e o deu a seus discípulos dizendo: "TOMAI...... "FAZEI ISTO" aqui cumpre-se a vontade expressa de Jesus, que mandou celebrar a Ceia. "EIS O MISTÉRIO DA FÉ" Estamos diante do Mistério de Deus. E o Mistério só é aceito por quem crê.

 

d) Orações pela Igreja:

A Igreja está espalhada por toda a terra e além dos limites geográficos: está na terra, como Igreja peregrina e militante; está no purgatório, como Igreja padecente; e está no céu como Igreja gloriosa e triunfante.  Entre todos os membros dessa Igreja, que está no céu e na terra, existe a intercomunicação da graça ou comunhão dos Santos. Uns oram pelos outros, pois somos todos irmãos, membros da grande Família de Deus.  A primeira oração é pelo Papa e pelo bispo Diocesano, são os pastores do rebanho, sua missão é ensinar, santificar e governar o Povo de deus. Por isso a comunidade precisa orar muito por eles. Rezar pelos mortos é um ato de caridade, a Igreja é mais para interceder do que para julgar, por isso na Missa rezamos pelos falecidos. Finalmente, pedimos por nós mesmos como "povo santo e pecador".

 

e) Por Cristo, com Cristo e em Cristo:

Neste ato de louvor o celebrante levanta a Hóstia e o cálice e a assembleia responde amém.

 

Rito de Comunhão:

a) Pai nosso:

Jesus nos ensinou a chamar a Deus de Pai e assim somos convidados a rezar o Pai-Nosso. É uma oração de relacionamento e de entrega. Ao nos abrirmos ao Pai, uma profunda sensação de integridade e descanso toma conta de nós. Como cristãos, fazer a vontade do Pai é tão importante para nosso espírito quanto o alimento é para nosso corpo.  O Pai Nosso, não é apenas uma simples fórmula de oração, nem um ensinamento teórico de doutrina. Antes de ser ensinado por Jesus, o Pai-Nosso foi vivido plenamente pelo mesmo Cristo. Portanto, deve ser vivido também pelos seus discípulos.  Com o Pai Nosso começa a preparação para a Comunhão Eucarística. Essa belíssima oração é a síntese do Evangelho. Para rezarmos bem o Pai Nosso, precisamos entrar no pensamento de Jesus e na vontade do Pai. Portanto, para eu comungar o Corpo do senhor na Eucaristia, preciso estar em "comunhão" com meus irmãos, que são membros do Corpo Místico de Cristo.  Pai Nosso é recitado de pé, com as mãos erguidas, na posição de orante.  Pode também ser cantado, mas sem alterar a sua fórmula. após o Pai Nosso na Missa não se diz amém pois a oração seguinte é continuação.

 

b) A paz:

Após o Pai-Nosso, o sacerdote repete as palavras de Jesus: “Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz”.  A paz é um dom de Deus. É o maior bem que há sobre a terra. Vale mais que todas as receitas, todos os remédios e todo o dinheiro do mundo. A paz foi o que Jesus deu aos seus Apóstolos como presente de sua Ressurreição.  Que paz é essa da qual fala Jesus? É o amor para com o próximo. Às vezes vamos à Igreja rezar pela paz no mundo, mas não estamos em paz conosco ou com nossas famílias. Não nos esqueçamos: a paz deve começar dentro de nós e dentro de nossas casas.  Assim como só Deus pode dar a verdadeira paz, também só quem está em comunhão com Deus é que pode comunicar a seus irmãos a paz.

 

c) Fração do pão:

O celebrante parte da hóstia grande e coloca um pedacinho da mesma dentro do cálice, que representa a união do Corpo e do Sangue do Senhor num mesmo Sacrifício e mesma comunhão.

 

d) Cordeiro de Deus:

Tanto no Antigo como no Novo Testamento, Jesus é apresentado como o "cordeiro de Deus". Os fIéis sentem-se indignos de receber o Corpo do Senhor e pedem perdão mais uma vez.

 

e) Comunhão:

A Eucaristia é um tesouro que Jesus, o Rei imortal e eterno, deixou como Mistério da Salvação para todos os que nele crêem. Comungar é receber Jesus Cristo, Reis dos Reis, para alimento de vida eterna. À mesa do Senhor recebemos o alimento espiritual A hora da Comunhão merece nosso mais profundo respeito, pois nos tornamos uma só coisa em Cristo. E sabemos que essa união com Cristo é o laço de caridade que nos une ao próximo. O fruto de nossa Comunhão não será verdadeiro se não vemos melhorar a nossa compaixão, paciência e compreensão para com os outros.

Quem comunga recebendo a hóstia na mão deve elevar a mão esquerda aberta, para o padre colocar a comunhão na palma da mão. O comungaste imediatamente, pega a Hóstia com a direita e comunga ali mesmo na frente do padre ou ministro. Ou direto na boca.  Quando a comunhão é nas duas espécies, ou seja, pão e vinho é diretamente na boca.

 

f) Ação de Graças:

Se a houver Ação de Graças (canto ou oração), deve ser feita logo depois da comunhão. A Ação de Graças deve concordar com o sentido da celebração. Ao contrário, as homenagens são feitas após a oração de conclusão da comunhão.

 

g) Avisos:

Cabe ao coordenador da comunidade dar os avisos, ou designar alguém para isso. Os avisos devem ser feitos depois da oração que conclui a comunhão.

 

Rito final:

Seguem-se a Ação de Graças e os Ritos Finais. Despedimo-nos, e é nessa hora que começa nossa missão: a de levar Deus àqueles que nos foram confiados, a testemunhar Seu amor em nossos gestos, palavras a ações.

 

a) Bênção:

É preciso valorizar mais e receber com fé a bênção solene dada no final da Missa. E a Missa termina com a bênção.

 

Qual a parte mais importante da Missa?

É justamente agora a parte mais importante da Missa, quando Ela se acaba, pois colocamos em prática tudo aquilo que ouvimos e aprendemos durante a celebração, enfim quando vivenciamos os ensinamentos de Deus Pai.

 

8. ANEXOS

 

8.1. O altar (centro das atenções)

          

Ao entrarmos numa igreja, para onde se voltam nosso olhar e nossa atenção? Algumas pessoas se dirigem imediatamente à imagem de seu santo de devoção, ou fazem a volta de todos os altares dedicados aos santos. Outras pessoas vão direto ao lugar onde se encontra o sacrário, ajoelham-se aí e rezam.

 E o altar? O que significa para nós? Qual a atenção que lhe dedicamos? Que sentimentos desperta em nós? A Instrução Geral ao Missal Romano (IGMR), no n. 229, diz assim: “O altar ocupe um lugar que seja de fato o centro para onde espontaneamente se volte a atenção de toda a assembléia dos fiéis.” E o n. 303 pede que nas novas igrejas a serem construídas, haja “um só altar que, na assembléia dos fiéis, signifique um só Cristo e uma só Eucaristia da Igreja.” E o n. 298 lembra que o altar fixo (que é preferível ao altar móvel), “significa de modo mais claro e permanente Jesus Cristo, Pedra viva (1 Pd 2, 4; cf. Ef 2, 20)”. O altar é também a “mesa do Senhor, que é o centro de toda a liturgia eucarística” (IGMR, 73). Por isso, ao entrarmos na igreja devemos nos habituar a voltar nosso olhar e nossa atenção, antes de tudo, para o altar e saudá-lo com uma inclinação do corpo ou da cabeça, em atitude de respeito, cheio de devoção e de terno amor para com Jesus Cristo, Pedra viva que sustenta a comunidade cristã.

Evidentemente, esta centralidade do altar deve ser levada em conta também durante as celebrações litúrgicas. Observemos o início de uma celebração, de domingo, por exemplo: “Chegando ao presbitério, o sacerdote, o diácono e os ministros saúdam o altar com uma inclinação profunda. Em seguida, em sinal de veneração o sacerdote e o diácono beijam o altar e, se for oportuno, o sacerdote incensa a cruz e o altar. (IGMR 49). Esta inclinação profunda, este beijo, esta incensação não são mera etiqueta, cerimônia ou enfeite para embelezar a celebração, não. São expressão de nosso amor a Jesus Cristo e do fato de termos construído nossa vida nele, como num alicerce. Uma equipe de ministros que, durante o canto de entrada, avança do fundo da igreja em direção ao altar, tendo o olhar, a atenção e o coração voltados para Cristo, representado pelo altar, ajudará toda a assembléia a se constituir e se concentrar na pessoa de Jesus.

Mas, o que pensar de uma equipe de ministros que, em vez de saudar o altar, se posiciona de costas para o mesmo e faz uma inclinação perante a parede do fundo, onde se encontra um crucifixo ou uma pintura de Cristo Ressuscitado, ou uma imagem do padroeiro ou padroeira? Provavelmente, ainda não perceberam que o altar ‘é mais’! Antigamente, antes do Concílio Vaticano II, o altar estava encostado na parede, geralmente no meio de um monumental ‘retábulo’, que comportava também o sacrário e imagens de santos, principalmente da padroeira. O altar como que se confundia com este conjunto todo e não era mais reconhecido como mesa do Senhor. E quando se fazia uma reverência no início e no final da celebração, não se tinha muita consciência se era para o altar ou para o sacrário ou para as imagens... Com a renovação conciliar a Igreja resgatou sua tradição primordial. Agora, o altar é de novo tratado como um sinal sacramental. Antes de ser usado para a celebração, o altar é ‘dedicado’ com uma solene oração, é ungido, nele se queima incenso, é revestido com a toalha e beijado pela primeira vez.

A saudação dos ministros no início e no final da celebração deve ser feita, pois, para o altar e não para o crucifixo ou outras representações na parede do fundo. Caso haja no presbitério também um sacrário, os ministros farão uma genuflexão no início e no final da celebração, mas jamais de costas para o altar. O mesmo vale para a saudação no início e no final de um oficio divino e também para as prostrações durante a ladainha de todos os santos em certas celebrações como ordenações ou profissões religiosas: devem ser feitas com todas as pessoas voltadas para o altar e não para a parede atrás dele!

Se o altar é tão importante, como centro da assembléia reunida, devemos evitar de colocar a cadeira da presidência e os assentos dos acólitos na frente do altar, de modo que fiquem de costas para o altar e impedem que este esteja no centro das atenções. (Ione Buyst)

 

8.2. O leitor

 

O leitor é um membro da comunidade a quem foi confiado o serviço de aprofundar e detectar o dinamismo, o mistério e a força da Palavra de Deus, para poder proclamá-la na assembléia litúrgica. O leitor cristão deve sentir-se responsável pela Palavra que proclama na assembléia, para a edificação da comunicação. O serviço comunitário de leitor na celebração tem uma importância particular, em virtude da própria realidade da Palavra.

Para transformar-se em acontecimento salvífico, esta última precisa ser anunciada por alguém. O leitor, como “homem da palavra”, como profeta, imprime vida à palavra escrita na Bíblia, a fim de que possa ser escutada e acolhida pela assembléia como Palavra de Deus. O leitor, por assim dizer, é uma pessoa simbólica-sacramental. Ele anuncia a Palavra em nome de que um dia a pronunciou, suscitando a vida nova: sua missão é tornar presente Jesus Cristo, ser profeta e pregador deste e anunciar a Boa Nova aos irmãos e irmãs que escutam sua Palavra e louvam o Pai.

A proclamação da palavra na assembléia litúrgica é sempre uma realidade densa da presença atual do Ressuscitado. É Cristo vivo que, pela voz do leitor, convida os ouvintes a viver o memorial de sua vida, morte e ressurreição, com vistas à conversão e à salvação. Para que a assembléia tenha um vivido amor pela Sagrada Escritura, mediante a escuta das leituras, torna-se necessário um bom desempenho do ministério de leitor, fruto de uma esmerada preparação espiritual, bíblica e litúrgica.

A instrução bíblica deve ter como objetivo capacitar os leitores a perceber o sentimento das leituras em seu próprio contexto e a entender à luz da fé o núcleo central da mensagem revelada. A instrução litúrgica deve facilitar aos leitores certa percepção do sentido e da estrutura da liturgia da palavra e as razões da conexão entre liturgia da palavra e liturgia eucarística.

Além disso, há preparação técnica, que tem como objetivo: “fazer que os leitores fiquem cada dia mais aptos para a arte de ler diante do povo, seja de viva voz, seja com a ajuda dos modernos instrumentos de amplificação de voz”. É inconcebível uma proclamação da Palavra de Deus sem entusiasmo, autoconsciência ou uma convicção que proceda do coração.

O pregador da Boa Nova na liturgia não pode ter a postura de um leitor de jornal ou de um funcionário público que lê um decreto. Pode ocorrer até de uma pessoa fazer uma perfeita leitura do texto bíblico, sem estar convencida do que está lendo. Espera-se do ministro da Palavra de Deus uma atuação espiritual, isto é, animada pela força que vem de dentro, do coração, própria de quem se sente tocado pela palavra que pronuncia.

O leitor litúrgico que não transmite vibração nem convicção à assembléia dá mostras de um desempenho deficiente de seu ministério.Por outro lado, quem proclama a Palavra de Deus deve ter consciência de anunciar sempre uma Boa Nova. Dessa forma, seu rosto, sua voz, sua postura e tudo nele deve expressar essa feliz novidade. Quando a Palavra é proclamada com os sentimentos que correspondem à sua mensagem (alegria, esperança, tristeza, ameaça), abre-se o caminho para compreensão e a vivência do mistério anunciado.

 

A) Técnicas de leitura:

Além de saber da importância da proclamação da Palavra e das condições interiores do leitor, é necessário que este se esforce por adquirir uma adequada competência técnica, com o fim de aprender a usar corretamente a própria voz e, portanto, favorecer a transmissão da mensagem que é chamado a anunciar através da comunicação oral, isto é, a Palavra de Deus. Portanto, a técnica, isto é, o modo de ler e de interpretar o texto não é um algo a mais ou um luxo: é, ao invés, a primeira condição para que suscite um mínimo de interesse e de escuta.

 

a) A respiração

É muito importante aprender a efetuar uma respiração correta, ou seja, abdominal e não somente torácica (coisa que se obtém fazendo amplo uso do diafragma), e suficientemente profunda. Somente assim se consegue a emitir uma voz válida seja qualitativamente que quantitativamente.

 

b) A voz

Com uma correta respiração, se pode utilizar melhor as possibilidades do aparato vocal. Cada um precisa descobrir em qual registro sua voz sai mais naturalmente: aguda, média ou grave. É claro que somente através de uma série de exercícios específicos se pode obter resultados apreciáveis.

 

c) As pausas

Saber fazer as pausas no momento justo e no modo justo é condição indispensável a fim de que quem escuta entenda aquilo que está sendo lido. Preparar uma leitura significa, portanto, antes de tudo, individuar as pausas que devam ser feitas, seja aquelas sintáticas (as que vem estabelecidas pela pontuação) seja aquelas “expressivas” (que são conforme o leitor e contribuem para adquirir a justa interpretação à leitura), distinguindo entre aquelas longas e aquelas breves.

 

d) O ritmo

A maior parte dos leitores lê muito rápido: a velocidade com a qual se lê deve ser decisivamente mais lenta que na comum conversação, porque necessita deixar o tempo às palavras não somente de ser pronunciadas, mas, sobretudo, de ser entendida. Além disto, a velocidade deve variar segundo o gênero literário do texto que se lê. Em cada caso o ritmo da frase deve ser fluente e uniforme, não a toda pressa.

 

e) O volume

A leitura em público requer que se fale com um volume mais alto daquele que se usaria na conversa habitual, ainda que tenha um microfone; por outra parte, em público precisa sempre falar dirigindo-se às pessoas que estão mais distante.

 

f) A entonação

Um defeito muito comum é a leitura feita com uma entonação não natural. Precisa, em vez, ler sempre com uma entonação cômoda, isto é, nem muito alta nem muito baixa, dando atenção para alguns erros muito comuns, que muito contribuem para uma leitura cansativa e incompreensível: evitar a cantoria, especialmente na leitura dos salmos, cânticos, hinos, etc.; recordar-se de abaixar o tom para evidenciar os incisos e as frases afirmativas (muito comuns, por exemplo, nas cartas de Paulo); nas frases interrogativas, evitar de cair o acento interrogativo sobre a última palavra, apesar que deve cair sobre o verbo principal; não deixar cair a entonação da voz ao final da frase.

 

g) A emoção

Não se pode omitir de dar emoção ao interpretar a leitura, mas precisa fazê-la com extremo senso de medida. Não se deve ler de modo chato como se não nos interessasse aquilo que lemos, antes, devemos colocar todo nosso ímpeto, o nosso entusiasmo, a nossa alegria de anunciador da Palavra. Mas não se deve nem mesmo exceder na emoção nem “dramatizar” por causa do medo de ser monótono ou por desejar dar uma interpretação muito pessoal: não devemos esquecer que a Palavra que lemos é de Deus, não nossa.

 

h) A articulação

É sem dúvida o aspecto técnico mais complexo e mais difícil de realizar e é por este motivo que é oportuno preocupar-se antes de tudo de colocar em prática as lições enumeradas nos pontos precedentes. Isto não significa que não seja importante estudar este ponto, isto é a pronúncia correta seja das vogais que as consoantes.

 

i) O microfone

Uma vez que quase não existem mais igrejas sem som, é indispensável saber usar bem o microfone, isto é, desfrutar o máximo a sua potencialidade, evitando que se torne um instrumento de tortura para a assembléia. Algumas regras práticas: antes de iniciar a ler, regular sempre o microfone mais ou menos à altura da boca, porém uns vinte centímetros distante da boca (esta distância pode ser variada pela qualidade do microfone, da voz, ou se quiser dar um destaque na leitura); não falar exatamente em direção do microfone, mas ligeiramente colocado ao lado, a fim de evitar os rumores desagradáveis que se produzem quando se pronunciam no microfone as consoantes explosivas (p e b) e aquelas sibilantes (s e z); se for necessário falar e cantar junto com a assembléia necessita faze-lo soto-voz para não cobrir a assembléia mesma.

 

B) Em frente da assembleia:

1. No momento de proclamar a leitura, suba ao ambão com tranquilidade.

 

2. Coloque-se em pé, com a cabeça erguida: as costas retas para poder respirar melhor; as mãos no ambão com o Livro. Onde houver microfone, veja se está ligado e se está na altura e na distância certa.

 

3. Olhe para a assembléia, “reúna”, “chame” o povo com o olhar...; jogue como que uma ponte até as últimas fileiras; estabeleça contato. Tudo isto em silêncio. (É o silêncio que valoriza a palavra). Não olhe com cara feia, mas deixe que o seu rosto exprima um pouco os sentimentos do Senhor Jesus para com o seu povo.

 

4. Faça a leitura, de maneira calma e pausada, com dicção clara, e observando tudo o que ficou dito acima. Não perca o contato com a assembleia. No final da leitura, aguarde a resposta da assembleia e depois, tranquilamente, deixe o ambão e volte a seu lugar.

 

O leitor é instituído para fazer as leituras da Sagrada Escritura, com exceção do Evangelho. Pode também propor as intenções da oração universal e ainda, na falta do salmista, recitar o salmo entre as leituras.

O leitor tem na celebração da Eucaristia uma função que lhe é própria e que deve exercer por si mesmo, mesmo que haja ministros de grau superior.

 

C)  Conhecer e compreender o texto:

1. Quem fala no texto? A quem fala? Sobre quê? Com que finalidade?

 

2. De que gênero de texto se trata? Um relato? Uma exortação? Um diálogo? Uma oração? Uma censura?

 

3. O que sentem as personagens que aparecem no texto?

 

4. Há palavras difíceis de compreender? Que significam?

 

5. O texto é divisível em partes? Onde começa e acaba cada parte?

 

D) Preparar uma leitura expressiva:

1. Quais as palavras mais importantes e as expressões ou frases principais que importa sublinhar?

 

2. Onde fazer pausa, breve ou prolongada?

 

3. Onde evitar a pausa?

 

4. Qual o tom de voz (ou tons de voz) adequado ao texto?

 

5. Qual o ritmo (as acentuações, os encadeamentos) e o movimento (acelerado, rápido, espaçado, lento) que se deve usar, no texto ou nas partes?

 

6. Articular e pronunciar bem cada palavra e cada sílaba (não negligenciar as consoantes).

 

7. Não deixar cair demasiado o tom de voz, mesmo nos pontos finais (o verdadeiro ponto final está no fim do texto e que, em nosso entender, salvo poucas exceções, não tem muito lugar na proclamação litúrgica).

 

8. O leitor mais habilitado nunca descuida a preparação antecedente, com exercícios parcelares e com o texto completo, várias vezes e em voz alta.

 

E) Exprimir os sentimentos do autor e das personagens

1. A celebração litúrgica atualiza a palavra. O texto escrito torna-se palavra viva hoje, naquele lugar e para aquela assembleia. "Deus fala hoje ao seu povo".

 

2. Não se trata de dramatizar, ou melhor dito, de criar uma ilusão, mas de reproduzir ou tornar vivos um texto e um acontecimento. Não se trata de atrair a atenção para a pessoa do leitor, mas para a Palavra e Ação divinas.

 

3. O leitor tem a responsabilidade de, usando os seus dotes oratórios, a sua técnica refinada e a sua arte de dizer, promover o encontro vital e a comunhão entre Deus que fala e os ouvintes.

No espaço da igreja deve haver um lugar elevado, fixo, dotado de conveniente disposição e nobreza, que corresponda à dignidade da Palavra de Deus e ao mesmo tempo recorde com clareza aos fiéis que na Missa se prepara tanto a mesa da Palavra de Deus como a mesa do Corpo de Cristo e, finalmente, os ajude, o melhor possível, a ouvir e a prestar atenção durante a liturgia da Palavra... Como o ambão é o lugar de onde os ministros anunciam a Palavra de Deus, deve reservar-se por sua própria natureza às leituras, ao salmo responsorial e ao precônio pascal... Para servir de maneira adequada às celebrações, o ambão deve ser amplo, dado que por vezes têm de estar nele vários ministros. Além disso, devem tomar-se providências para que os leitores disponham, no ambão, de iluminação suficiente para lerem o texto e possam eventualmente utilizar os instrumentos técnicos modernos para se fazerem ouvir facilmente pelos fiéis.

 

F) Examinar algumas minúcias antes da celebração:

1. O Lecionário está no ambão (não uma revista ou jornal, ou folhetos)? Está aberto na página própria?

 

2. O microfone está ligado? O volume, o tom e a altura estão corretos? (Evite-se o seu ajuste durante a celebração, mediante o sopro ou os dois toques de dedos da praxe, ou outros ruídos perturbadores).

 

3. A que distância deve estar a boca para que a voz seja audível e expressiva?

 

G) Saber deslocar-se para o ambão:

1. Situar-se, desde o começo da celebração, num lugar não muito afastado do ambão.

 

2. Não avançar para o ambão antes de estar concluído o que precede cada leitura (oração, canto).

 

3. Caminhar com um passo normal, sem ostentação nem precipitação, sem rigidez nem displicência, mas com uma digna e ritmada naturalidade.

 

H) Apresentação:

1. Não trajar algo que possa distrair ou ofender os presentes, seja por ostentação, seja por desleixo, pouco conveniente ou ridículo (camisetas de anúncios, vestuário desalinhado ou sujo, cabelo "espetado"...). Ter critério e apresentar-se como pessoa educada e normal.

 

I) Antes de começar:

1. Guardar uma breve pausa para olhar a assembléia, a fim de a registrar na mente, pois é para ela que se dirige e também para estabelecer com ela contacto direto antes de iniciar a proclamação.

 

2. Respirar calma e profundamente.

 

3. Esperar que toda a assembleia esteja sentada e tranquila e se tenha criado um ambiente de silêncio e escuta.

 

J) Título:

1. Ler só o título bíblico. Nunca se leia 1ª ou 2ª leitura ou salmo responsorial ou a frase a vermelho que precede a leitura.

 

2. Após a leitura do título, faça-se uma pausa para destacar o texto que vai ser proclamada.

A assembleia litúrgica precisa de leitores, embora não instituídos para esta função. Procure-se, portanto, que haja alguns leigos, dos mais idôneos, que estejam preparados para exercer este ministério. Se se dispuser de vários leitores e houver várias leituras a fazer, convém distribuí-las entre eles... Esta preparação deve ser principalmente espiritual, mas é necessária a chamada preparação técnica. A preparação espiritual pressupõe pelo menos a dupla formação, bíblica e litúrgica: a formação bíblica, para que possam os leitores compreender as leituras, no seu contexto próprio e entender à luz da fé o núcleo da mensagem revelada; a formação litúrgica, para que os leitores possam perceber o sentido e a estrutura da liturgia da palavra e os motivos que explicam a conexão entre a liturgia da palavra e a liturgia eucarística. A preparação técnica deve tornar os leitores cada vez mais aptos na arte de ler em público, quer de viva voz, quer com a ajuda dos modernos instrumentos de amplificação sonora.

 

L) Ler devagar:

1. O ouvinte não é um gravador, mas uma mente humana que requer tempo para sentir, reagir, ouvir, entender, coordenar e assimilar. Geralmente, lê-se depressa e não se fazem as pausas adequadas, como pede o texto lido (a pontuação oral nem sempre coincide com a pontuação escrita). A leitura rápida pode cortar o contacto com a assembleia.

 

M) Ler com a cabeça levantada:

1. A cabeça deve estar direita, no prolongamento do corpo. Com a cabeça levantada, a assembléia contata um rosto e a própria voz ganha em clareza e volume e o leitor exprime um texto dirigido à assembléia e não devolvido ao livro.

 

2. Se o ambão é baixo, será sempre melhor suster o livro nas mãos que baixar a cabeça.

 

3. O olhar deverá manter o contacto com a assembléia sem ser necessário os constantes e perturbantes exercícios de levantar e baixar a cabeça.

 

N) Concluir a leitura:

1. Fazer uma pausa após a última frase e antes de dizer "Palavra do Senhor".

 

2. Dizer só "Palavra do Senhor" e nada mais (ex.: "Irmãos, esta é a Palavra do Senhor" ou outras expressões semelhantes). Trata-se de uma aclamação e não de uma explicação.

 

3. Seria mais expressivo que esta aclamação fosse cantada (pelo Leitor, primeiramente, ou, em caso de necessidade, por outrem). Não sendo cantada, deveria ser dita em tom de voz mais elevado (entenda-se, não necessariamente num volume mais forte).

 

4. Não abandonar o ambão antes da resposta da assembleia.

 

5. Deixar o Lecionário aberto na página do Salmo responsorial ou da 2ª leitura, para que fique pronto para o leitor que se segue.

 

6. Regressar ao lugar com calma e naturalidade, em passo normal e firme.

 

8.3. Comentarista:

 

O comentarista deve ser um bom comunicador. Como comunicador: no processo de comunicação são necessários um emissor, um canal e um receptor.

Na Liturgia, o emissor é Deus, o receptor é a comunidade, ou seja, o comentarista e a assembleia (o canal é a fala, o gesto, o testemunho, o olhar). Com isso temos: o comentarista é instrumento de Deus (é o próprio Deus falando através do comentarista, quando no exercício de seu ministério). O emissor e o receptor devem estar sintonizados (comentarista e assembléia) O Comentarista é o responsável por esta sintonia. Devem estar sintonizados por uma linguagem comum (um código conhecido pelos dois) e um canal (linguagem falada, gesto, expressão, testemunho, postura, olhar...).

Portanto o comentarista precisa ter bem presente o engajamento de sua vida, juntando a dimensão afetiva e a intelectiva, a afetividade e a razão, o fervor e a intuição.

O próprio Jesus desmascara as orações hipócritas que ficam na exterioridade do ato e não traduz um movimento do coração, um sentido espiritual.

Em casa, na catequese, nos encontros e cursos de formação litúrgica, devemos oferecer momentos de aprendizagem, simples e profundos, dos gestos rituais com os quais nos relacionamos com Deus, consciente e ‘amorosamente’: entrar na igreja, inclinar-se diante do altar, acender uma vela, benzer-se, cruzar as mãos em prece, andar em procissão, cantar, escutar uma leitura bíblica, ficar de pé, beijar a Bíblia, ficar sentado, orar em silêncio, fazer uma prece, acompanhar a oração eucarística, partilhar um pedaço de pão, comer o pão, estender a mão para receber o copo, beber e passar o copo para outra pessoa, abraçar alguém desejando-lhe a paz, inclinar a cabeça para receber a bênção, despedir-se...

 

8.4. Coroinhas:

 

Quando Jesus fundou sua Igreja, quis instituir diversos ministérios ou serviços para a comunidade. Na Igreja, todos recebem uma vocação, um chamado. Alguns são chamados a servir como coroinhas.

O Diretório para a Missa com Crianças tem a preocupação de formar as crianças para que celebrem a Eucaristia com alegria e desembaraço, sugerindo que se procure fazer com que elas sejam atuantes, ativas, conferindo-lhes diversos ofícios e tarefas. Dessa forma os coroinhas têm a oportunidade de iniciar e realizar sua caminhada de Igreja, ao encontro do Senhor. A eles possibilita-se que aceitem essa tarefa, importante para a comunidade. O coroinha não é um enfeite, mas alguém que, servindo o altar, está fazendo crescer a comunidade.

Juntos, os coroinhas formam um grupo no qual poderão encontrar união, compreensão, confiança e estima, coisas de que tanto precisam. O pároco deverá, dentro do possível, acompanhar cada um deles em sua realidade pessoal, tomando o devido cuidado para que não venham a cair no "oba-oba", pois ser coroinha exige responsabilidade, para que assumam, todos juntos e cada um em particular, com amor, este serviço a Cristo e sua Igreja.

Nos encontros dominicais ou em qualquer outro dia da semana, terão eles a oportunidade de refletir sobre a Palavra de Deus previamente escolhida.

Tomamos por princípio o que diz a Instrução Geral sobre o Missal Romano - IGMR, 70: "Todas as funções inferiores às do diácono poderão ser exercidas por leigos do sexo masculino, mesmo que não tenham sido instituídas para isso (...)". As prescrições litúrgicas são adaptadas à nossa realidade, de acordo com os documentos da Igreja.

Quem dirige um grupo de coroinhas deve orientá-los e participar junto com eles, pois o dirigente, como líder, está para servir e não para dominar ou impor.

O Diretório para a Missa com Crianças ainda sugere que se procure fazer cursos de preparação para os participantes: comentadores, leitores, recepcionistas, os que levam as ofertas, os que participam do "lavabo", entre outras atividades.

 

a) Como preparar os coroinhas na paróquia?

Um cursinho preparatório que ensine higiene, boas maneiras, o modo de preparar o ambiente para a celebração, os diversos nomes dos objetos litúrgicos, a paramentação, as diversas cerimônias da missa, as respostas ao diálogo do celebrante, deve ser ministrado pelo pároco.

 

b) O que se exige de um coroinha?

Ao chegar ao templo, o coroinha deve dirigir-se à Capela do Santíssimo Sacramento ou ao altar em que o sacrário contenha Jesus Sacramentado. Aí, deve fazer uma genuflexão e permanecer em oração por alguns instantes, numa conversa com Jesus Cristo. Só então ele deverá dirigir-se à sacristia, para iniciar as atividades de arrumação do altar para a celebração.

Do coroinha exige-se piedade, postura, respeito para com os ministérios, respeito para com o sacerdote, respeito e atenção para com os fiéis da assembléia, respeito para com o templo (desde cedo ele deve se acostumar a tratar santamente o lugar sagrado).

Há paróquias que possuem um corpo de coroinhas bem preparados e se faz uma escala para o serviço do altar. Noutras, alguns meninos aparecem e ajudam, sem maiores exigências.

Na catequese, surgem sempre alguns meninos que demonstram ao padre seu desejo de ser coroinhas. Compete ao pároco, ou a quem lhe faça as vezes nesta área, escolher aqueles que deverão preparar-se para o ofício de coroinha.

 

c) Há uma veste apropriada para o coroinha?

Este aspecto deve ficar sempre a critério do pároco, isto é, do padre responsável pela paróquia. Ele pode exigir que o coroinha tenha uma veste litúrgica, que deve ser usada durante as celebrações. Esta veste pode ser a tradicional batina vermelha com sobrepeliz branca, uma túnica branca com capuz, uma batina da cor do paramento do padre ou um blusão que tenha o símbolo litúrgico. O coroinha pode usar sua própria roupa, mas é sempre bom ter uma veste apropriada para o culto divino.

O Código de Direito Canônico fala das vestes usadas pelos acólitos nas celebrações, mas se refere somente aos acólitos que receberam o ministério. Todavia, opcionalmente, os coroinhas poderão usar, de acordo com o costume do pároco, uma túnica branca com um cordão branco ou da cor litúrgica do dia, a tradicional batina vermelha com uma sobrepeliz branca ou então uma roupa decente.

 

d) O que o coroinha deve conhecer?

  • A santa missa, com todas as suas partes;
  • Os lugares na igreja;
  • Os livros sagrados;
  • Os utensílios utilizados na celebração;
  • As vestes litúrgicas (os paramentos).

  

PARÓQUIA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO – Horizontina – RS – 2010

 


 

Pastoral da Liturgia            

 

Queremos convidar você que trabalha na liturgia de sua comunidade a fazer uma caminhada de formação através do nosso boletim informativo Fé Viva. A cada edição estaremos abordando um tema litúrgico seguindo um pequeno roteiro que estamos divulgando nesta edição para guiar você: PARTES DA MISSA (dicas e orientações) – 1. Ritos iniciais; 2. Liturgia da Palavra; 3. Liturgia Eucarística; 4. Ritos Finais. TEMPO LITÚRGICO (cores, sentido, sugestões) -  1.Ciclo Pascal: quaresma, tríduo pascal e tempo pascal; 2. Tempo Comum; 3. Ciclo de Natal: advento, festas do natal e tempo do natal. O Tempo Pascal, que estamos vivendo atualmente, é um dos mais ricos da nossa liturgia. Refere-se aos 50 dias entre o Domingo da Ressurreição e o Domingo de Pentecostes. A liturgia pede que este tempo, centro do Ano Litúrgico, seja celebrado com alegria e exultação, “como um grande domingo”. A Páscoa de Jesus e sua vitória sobre a morte devem continuar na Páscoa da vida de todos nós. Algumas sugestões para as celebrações: preparar o espaço destacando o Círio Pascal (as comunidades que o tiverem), que representa o Cristo ressuscitado ou a vela que utilizam nas celebrações; durante todo o tempo pascal, podem solenizar, antes da procissão de entrada, o acendimento do círio (ou vela) cantando ou recitando um refrão que fale de luz; acolher com carinho e alegria as pessoas que chegam para participar da celebração; a cor utilizada é o branco, no dia de Pentecostes usa-se o vermelho. Continuem se dedicando e fazendo das suas celebrações oportunidades de vivenciar a verdadeira Páscoa.

 

As lições litúrgicas dadas por uma dona de casa

 

A comunidade se reúne para celebrar. As famílias, os jovens, adultos e crianças deixam seus lares, seus afazeres e tantas outras coisas e buscam a comunidade para celebrar juntos a sua fé. A comunidade os recebe e, como família de Deus, eleva suas preces em comunhão. O que buscam e o que recebem da comunidade reunida em oração?

Imaginemos uma dona de casa preparando o almoço. Ela pensa o cardápio, compra o que precisa, prepara tudo para agradar a família. Esmera-se, começa a cozinhar com antecedência, para quando os filhos chegarem da escola e o marido do trabalho, o almoço esteja pronto, a mesa preparada, para que todos sejam saciados em sua fome.

Se visualizarmos bem esta cena do cotidiano, então reportemo-nos para a liturgia. Imaginemos agora que estamos preparando a celebração da comunidade. Temos um cardápio estabelecido, a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística. Temos que incrementar este cardápio para que ele tenha mais sabor. É preciso pensar antes o que fazer, ter sempre presente a realidade da comunidade frente à proposta da Palavra de Deus. Como responsáveis pelas celebrações de nossa comunidade, temos que nos esmerar, começar a preparar com antecedência o espaço. Preparar os objetos utilizados para a mesa da Eucaristia. Distribuir as funções, quem vai ler, quem vai animar, enfim, distribuir os ministérios. Estes passos são fundamentais para que, quando a comunidade chegar para a celebração, tudo esteja pronto e desta forma, todos sejam saciados com o pão da Palavra e o projeto da Eucaristia.

Assim como o cotidiano de nossa vida exige de nós preparação, imaginemos então quanto mais importante é preparar a celebração comunitária, onde celebramos o mistério de Cristo, sua passagem pelo sofrimento e morte até sua ressurreição e glorificação. Nossas atitudes, em alguns casos, precisam passar por aquilo que o Documento de Aparecida chama de conversão pastoral, ou seja, enquanto integrantes da pastoral litúrgica de nossa comunidade, precisamos converter nossa consciência, a qual, não raro, está acostumada com tudo pronto, com aquilo que já está elaborado, acostumado a executar tarefas em cima da hora, ou fazer de qualquer jeito. As consequências deste modo de preparar as celebrações são preocupantes, pois, provavelmente, a celebração fica sem gosto, não sustenta o suficiente, alguém sai da mesa com fome, outros reclamam do gosto da comida. Sendo assim, como participarmos da vida e felicidade de Deus?

 

A realidade

 

Em muitas comunidades a realidade pode impor alguns limites, ou dificuldades, como a distância até a igreja, as diversas atividades a realizar... Se quisermos celebrar com dignidade a ceia que Deus prepara para nós, através de seu Filho Jesus, oferecendo algo a mais, além do pré-determinado pela liturgia do dia, a solução é encontrar alternativa, buscando um momento em que se possa preparar a celebração comunitária. O passo seguinte é ter um método de preparação. São indicações importantes que ajudam a preparar e assim indicadas: invocar o Espírito Santo; fazer a leitura dos textos bíblicos previstos na Liturgia da Palavra; interpretar o que o texto diz, para isso existe muito material à disposição das comunidades; trazer presente a realidade da comunidade, uma festa, aniversário de alguém, uma conquista ou algum problema comum; dar enfoque a um momento, a fim de que não vire um excesso de rituais, por exemplo, no tempo da Páscoa dar destaque ao glória; ver os cantos que melhor se adaptem à liturgia do dia; distribuir as tarefas; fazer uma vivência prévia, criando uma mística para a celebração; chegar com antecedência; celebrar com a assembléia reunida, levando-a à participação.

 

Não podemos nos acomodar, mesmo diante das dificuldades das comunidades, em preparar as celebrações. Lembremo-nos da dona de casa que prepara a refeição. Ela nos inspira a prepararmos mais e melhor nossas liturgias.   

Mateus Danieli

 

Liturgia: o que é?

 

Origem da palavra = grega (leitourgia, do verbo leitourgen); provém da composição de:

 

laós, leós = povo (LIT) e de

 

érgon = serviço, ação, trabalho (URGIA)

 

No sentido civil - serviço feito para o povo, ou serviço diretamente prestado ao bem comum.

 

Ex.: um grupo construindo uma praça, ou organizando uma festa estão fazendo liturgia.

 

Mas... e no sentido religioso?

 

No AT: o serviço a Deus, prestado pelos sacerdotes primeiro na tenda e posteriormente no templo.

 

No NT refere-se:

em primeiro lugar ao serviço realizado por Zacarias;

em segundo lugar à ação sacerdotal de Jesus Cristo, o verdadeiro liturgo, que oferece uma liturgia diferente (sacrifício na Cruz).

terceiro lugar ao culto espiritual e existencial dos cristãos. (Ex.: São Paulo - anúncio do Evangelho)

 

A importância da Liturgia para a vida da Igreja

 

Pela Liturgia, sobretudo o divino sacrifício da Eucaristia, vivenciamos o que Deus fez por nós, "a obra de nossa Redenção";

Contribui para que não só concretizemos o Mistério de Cristo em nossa vida, como também o manifestemos aos demais;

Nos edifica como templo santo do Senhor, onde Deus habita pela força do Espírito Santo;

Nos faz crescer, até atingirmos o amadurecimento pleno de Cristo;

 

A importância da Liturgia para a vida da Igreja

 

Robustece as forças para que possamos anunciar Jesus Cristo;

Mostra a Igreja como estandarte levantado diante das nações, juntando num só corpo os filhos e filhas de Deus dispersos até que haja um só rebanho e um só pastor.

 

O que é Pastoral?

 

É a prática e ação de pastoreio da Igreja.

A Pastoral é a prática do anúncio do Pastor (Jesus Cristo ontem, hoje e sempre), que conduz seu povo para pastagens tranqüilas e seguras (Sl 22), através da missão da Igreja pela evangelização, catequese, liturgia e vivência da caridade fraterna.

 

O que é Pastoral Litúrgica?

 

É ação organizada da Igreja, que tem por finalidade levar o povo de Deus à participação consciente, ativa e frutuosa da liturgia.

A ação litúrgica deve ser vista e trabalhada dentro do conjunto da ação pastoral da Igreja.

A liturgia não pode ser considerada uma ilha cercada por outras pastorais. Ela é o ponto culminante, o momento celebrativo para o qual tende toda a ação da Igreja e fonte da qual brota a força evangelizadora da Igreja (SC 10).

 

Objetivos da Pastoral Litúrgica:

 

  • Não deixar a comunidade afastar-se ou banalizar a vida sacramental, na qual a Eucaristia e o domingo são culminantes;
  • Ajudar todas as outras pastorais a não se desviarem deste objetivo central para todo o cristão;
  • Dar condições para que as celebrações comuniquem e tornem as pessoas participantes do mistério celebrado;
  • Garantir a celebração do mistério pascal de Cristo;
  • Cuidar para que a comunidade seja realmente sujeito da celebração;
  • Zelar pela qualidade e eficácia das celebrações;
  • Formar os diferentes ministérios e serviços para a arte de celebrar;
  • Preocupar-se com a formação litúrgica da comunidade e dos responsáveis pelas celebrações, quer fornecendo subsídios, quer aperfeiçoando os carismas e dons necessários para bem celebrar.

 

Constituição da Pastoral Litúrgica

 

A Liturgia é uma realidade que deve ser planejada, preparada, realizada e avaliada com muito carinho por uma equipe de pessoas de fé.

A presença e ação de uma pastoral bem organizada é uma ferramenta muito importante para que a comunidade tenha uma celebração de boa qualidade, viva, participativa e orante.

 

PASTORAL LITÚRGICA

 EQUIPE DE COORDENAÇÃO DA PASTORAL LITÚRGICA

 FORMAÇÃO

 EQUIPE

 COMUNIDADE

 EQUIPES DE CELEBRAÇÃO

 GRUPOS DE CANTO LITÚRGICO

 (MÚSICOS E CANTORES)

 CELEBRAÇÕES

 

Funções da Equipe de Coordenação da Pastoral Litúrgica:

 

  • Planejar, animar e coordenar a vida litúrgica da paróquia;
  • Garantir a celebração do Mistério Pascal de Cristo;
  • Constituir, formar e fortalecer as equipes de celebração;
  • Programar e avaliar as atividades litúrgicas da paróquia
  • Promover a integração entre as diferentes equipes de celebração.

 

Equipes de Celebração:

 

Uma paróquia pode ter tantas equipes quantos forem os horários e celebrações litúrgicas.

Grupos e movimentos pastorais podem constituir equipes de celebração. Vantagens disso:

Todos se sentem comprometidos com a liturgia;

Todos podem dar sua opinião e colaboração.

 

Porém podem haver algumas desvantagens:

 

A comunidade não atinge um estilo, um jeito próprio de celebrar;

Quebra-se a continuidade, uma vez que cada celebração será diferente, segundo o gosto do grupo, movimento ou pastoral;

Nem todos tem jeito e gosto para preparar e realizar uma celebração;

As pessoas poderão se sentir promovidas realizando apenas uma tarefa a mais daquilo que já fazem.

Estas Equipes de Celebração são possíveis quando os grupos, movimentos e pastorais específicos forem bem articulados pela equipe de pastoral litúrgica por meio do plano de ação em base às necessidades da paróquia.

A celebração litúrgica é sempre ação da assembléia reunida em nome do Senhor e nunca uma propriedade ao gosto de uma pastoral ou movimento, uma vez que os ministros, servidores e equipes devem estar à serviço da participação ativa da assembléia.

As equipes de liturgia devem compor-se de pessoas que vão amadurecendo na fé, têm bom relacionamento, são equilibradas e ágeis no serviço.

Não basta ter boa vontade. É preciso querer cultivar qualidades e buscar formação.

São naturalmente membros da equipe de celebração:

ministros da comunhão eucarística, leitores, animadores, cantores, músicos, recepcionistas.